Não sei. Sinceramente, não sei onde é que vai acabar Portugal. Não sei porque não sou adivinho. Não sei porque não sou político. Mas sei que este Portugal vai acabar mal. Sei que os meus filhos e os meus netos vão passar mal. Sei que vou sofrer ainda mais. Já sofro ao ver e sentir para onde vai o meu país. Sofro ao ver e sentir o meu país ser conduzido para o abismo. Acabei de ouvir o primeiro ministro do governo do meu país. Passei de imediato para a RTP N para ouvir os comentários de vários quadrantes. É tudo tão bonito. Que lindas palavras... Que políticamente corretas... Eu não vou dizer que desejo que o primeiro ministro do governo do meu país faça as conversas em família com os portugueses como fez o primeiro ministro Marcelo Caetano. Mas tenho ou não o direito de perguntar:
- Se não fosse o convite da RTP para o primeiro ministro dar a primeira entrevista à Nação no dia em completa cem dias de governação, será que o primeiro ministro do governo do meu país me vinha dar uma satisfação pública? Eu não mereço como cidadão cumpridor das minhas obrigações um esclarecimento? Não lhe chamemos conversas em família, mas podemos dar outro nome. A mim não me incomodava nada mas era capaz de haver muita gente que se sentisse mal. E o mais alto magistrado da Nação? Esse não deve esclarecimentos aos cidadãos? Os esclarecimentos são exclusivos do representante do governo? Estou muito desiludido...
Novamente a polémica estala. Esta questão não é de agora. Já é recorrente e é despertada, de quando em vez. E eu fui apanhado, nos meus 12 últimos anos de serviço, aqui em Ramalde, Porto, por esta questão. E foi muito simples. Recebo um telefonema do Conselho Executivo a informar-me que iria receber dentro de momentos no estabelecimento uma jornalista do Diário de Notícias para prestar umas declarações sobfre os crucifixos na sala de aula. Muito bem, disse eu, terei todo o gosto em responder a todas as questões da jornalista desde que estivesse ao meu lado a representação do mesmo Conselho Executivo. Que não, não era possível estar ninguém do Conselho Executivo, pelas mais variadas razões. Então eu finalizei com a minha negativa em receber pessoalmente o diário, argumentando que como os meus superiores hierárquicos sabiam, eu só podia prestar declarações à imprensa desde que fosse autorizado. E assim ficou uma jornalista sem entrevista... Saudações tripeiras do Francisco.
Diz o meu amigo António, no post anterior, que «A culpa mora solteira». Pois é verdade. Concordo. A culpa, neste país, continua a morrer solteira. E, para mais, vamos ver como vai ficar este processo-crime que o ministério público fez questão de se saber «...que tinha de ser levantado, visto haver mortos e feridos...» Pois, pois... Logo falaremos. Até parece que o sistema está bem montado, a defender os atingidos, a encontrar e a penalizar os responsáveis, etc. Pois, pois... Parece, não parece? E a ponte de Entre-os-Rios? E outras incúrias, negligências e desleixos de organizações públicas e privadas que causaram graves feridas em cidadãos indefesos? Quantas já aconteceram? E os responsáveis? Ah, esses foram sempre identificados e penalizados. Aqui, neste canteiro à beira-mar plantado, sabemos que todos os nossos direitos estão protegidos. Mais mal é de quem sofre no corpo...