Pela ruralidade - CLXXXVII(Os incêndios)
No ultimo fim de semana quando vinha da terra das minhas raízes fiz um pequeno desvio por Castelo de Paiva para ver com os meus próprios olhos a desgraça que também assolou este concelho.
Quando cheguei a casa telefonei a um amigalhaço de longa data, residente em Gaia, é natural da freguesia da Raiva do concelho acima referido, que foi muito martirizada com a queda da ponte de Entre-os-rios.
- Então meu caro, que me dizes do que aconteceu lá pelos teus lados?
Palavra puxa palavra, a atirar culpas a torto e a direito e … diz-me ele a certa altura, a culpa também é dos tractores… Como assim? E aqui desenvolveu o seu raciocínio, dizendo que estas máquinas vieram substituir os bois, vacas eram em maioria, auxiliares dos trabalhos agrícolas, estavam nas cortes para onde se destinavam os matos das tapadas, cortados pelos mateiros como também muito fala Aquilino Ribeiro nos seus livros. Mas há mais culpados, dizia-me ele, o gaz que também veio substituir toda a lenha (caruma, galhos, pinhas etc) que havia nos montes e que era utilizada nas cozinhas.
A ajudar a toda a alteração dos usos e costumes, também a desertificação e envelhecimento do meio rural, onde faltam os mais jovens. Para agravar tudo isto a desordenação da floresta de que muito se fala, mas não sei se os governantes têm estofo para a alterar!… E o pinhal de Leiria que estava bem ordenado, mas faltava a limpeza a que as autoridades não ligaram apesar dos avisos feitos não por um cidadão qualquer, 80% foram-se!… Anos e anos de braços caídos dos vários governos, agora é tarde demais, só alguns paliativos irão surgir, é o que me assaz dizer.
Ant. Gonç. (antonio)