Pela ruralidade - CLXX(passadiço do rio Paiva II)
Tinha já experimentado parcialmente o passadiço do Paiva (ou da Paiva, como na região se diz, ver meu post de 26/072015), andava ainda a meio gás, um joanete tinha chegado para mim que não sou de me deixar ir abaixo.
Com o canastro agora já mais em forma cheguei-me à frente, no grupo que englobava três gerações. Desta vez era para ir de fio a pavio, o mesmo é dizer cavalgar todo o passadiço como de facto aconteceu. Eramos dez adultos e três pequenotes de 7 e 8 anos que se portaram lindamente. A meio da jornada uma pequena pausa na praia fluvial do “Vau”, não direi para recuperar energias, antes para pôr o pé nas águas transparentes (é da praxe) onde o rio forma uma piscina, ali num silêncio provocador. Logo a seguir quisemos apolegar a passagem na ponte de arame, prefiro dizer de cabos de aço para acalmar os acrofóbicos, até à outra margem, foi ir e voltar, o seu balançar pode provocar receios a algumas pessoas. Só dez passantes de cada vez em cima da girândola (a alegoria é minha), dizem os placards informativos. Mais à frente onde o rio faz uma volta de ferradura acentuada já se avistavam em zigue zague as escadarias, foi a altura para interiorizarmos da penosa agradável subida da Garganta do Paiva. Lá no alto a vista majestática do encaixamento do rio deixa-nos sem respiração.
Estava-se a meio da semana e passantes naquela emblemática obra eram mais que muitos, desde gente muito jovem, uns de idade madura outros adiantados nos anos e gente assim assim, que têm marcado presença para ver ao vivo a genuidade da nudez do Paiva e da sua envolvência, ora com penhas hirsutas, ora com encaixes de variada flora. Por aqui a mão do homem ainda não toldou a mãe natureza que nos oferece de bandeja todo o seu arrebatador esplendor.
As redes sociais têm dado uma boa ajuda para pôr na ribalta o passadiço, fazendo-o estar na moda, digo eu. Espiunca aldeia encravada no vale do Paiva, início ou fim do passadiço conforme a opção que se tome, onde a desertificação, como em todo o interior assentou arraiais, saltou do anonimato, e por ali até os carros de praça não têm mãos a medir, não para aqueles que têm estaleca para fazer os oito Km do passadiço mais oito do regresso.
A CMArouca merece ser saudada pela iniciativa. Agora seria ouro sobre azul se para jusante da Espiunca se continuasse esta obra, em parte ainda em margens do concelho de Arouca mas depois em terras de Castelo de Paiva até à foz no Douro, onde aí há na confluência dos dois rios a Ilha dos Amores. Podemos dizer no entanto que este vale do rio também com arribas genuínas está mais humanizado. São obras subsidiadas pela comunidade europeia a 85%, é uma questão dos autarcas arregaçarem as mangas e saírem do ram ram da gestão camarária. CMArouca assim fez.
PS: Ontem seduzido pelo Luís voltei ao passadiço e à emblemática escadaria da Garganta do Paiva, que é um exercício aos bofes que só vos digo!...
Ant. Gonç.(antonio)