Pela ruralidade - CLVIII(Memória perdida, o canastro da Lameira)
Até aos meados do século XX a riqueza do meio rural estava sobretudo na terra que era aproveitada, leia-se cultivada, nem que fosse a mais pequena leirinha. Mas foi a partir da globalização que as coisas se inverteram com aceleração a todo o gaz. Em Macieira, Fornelos era o milho, centeio, vinho, mimos agrícolas e num tempo mais recuado o linho, que sempre foram o granjeio dos rurais. A par do cultivo da terra era o gado vacum, que ajudava os lavradores nos trabalhos, suínos, ovinos, caprinos, galináceos, láparos. Era um frenesim buliçoso dum país eminentemente rural.
Era perante este cenário do aproveitamento intensivo dos espaços agrícolas que até se chegavam a construir os canastros por cima dos caminhos públicos para que não ocupassem espaço em terra lavradia. Em 2007 tinha eu aqui num post referido um desses canastros. Agora tive conhecimento que foi retirado. As exigências de uma vida melhor, alargamento e calcetamento dos estreitos caminhos para acesso de carros, nomeadamente ambulâncias ou carros de bombeiros, ditam que vestígios de uma época vão ficando apagados.
Das minhas memórias de petiz sou levado a uma retrospectiva de quantos carros de vacas passaram nesse caminho sob essa ponte que o canastro formava. O meu próprio pai que tinha uma tapada a montante ali passou com carradas de mato para as cortes do gado e também de lenha para a cozinha, dava um jeitaço para as noites frias do Inverno e para curar o fumeiro suspenso no sarilho.
As memórias de um povo também passam por aqui.
ver: http://magisterio6971.blogs.sapo.pt/2007/07/
Ant. Gonç. (antonio)