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Magistério6971

Os autores deste jornal virtual apresentam a todos os visitantes os seus mais cordiais cumprimentos. Será bem-vindo quem vier por bem.

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Olhar o Porto - CLXXXVII(O Porto histórico)

Fui-me viciando a cirandar pelas ruas estreitas da urbe  matando as cornijas, pilastras, estatuetas, sacadas com o ferro forjado trabalhado que é um gosto, ornamentos em pedra e que mais dizer, com o nariz afilado, qual perdigueiro  farejando a  caça.

O morro da cividade de um lado e do outro o da Vitória com o rio da Vila ao meio, hoje como se sabe está encanado sob a rua Mouzinho da Silveira, são sítios que nos fazem regressar à cidade cercada pelas muralhas Fernandinas, séc XIV - XVIII. O Porto dentro do muro (leia-se muralhas) fervia em actividade mercantil muito dinamizada pelas mercadorias que chegavam aos Guindais e à Ribeira vindas do interior pelo rio Douro nos barcos rabelos, e dos portos da Europa nos veleiros e mais tarde nos vapores. Não é por acaso que uma das ruas tem o nome ligado a esse frenesim comercial, Rua dos Mercadores, outra, Calçada das Carquejeiras e mais outra que foi rua dos Ingleses, agora é Infante D. Henrique, a atestar o comércio que era feito com a Inglaterra. Casas com comércio ao nível do rés-do-chão e moradores nos quatro, às vezes cinco,  andares, sem elevadores como se sabe.

Mas este filme já não é o que se pode observar nos dias de hoje. As ruas do chamado centro histórico estão desertas com algumas excepções pontuais, mais na restauração, como na zona da Ribeira. A CMPorto tem feito algumas intervenções ao nível de infra-estruturas e modernização das ruas, mas enquanto houver prédios degradados com algerozes carcomidos pela ferrugem e janelas com vidros partidos prontos a caírem em cima de um cristão, não é suficiente para chamar as pessoas para esses locais. Estou a lembrar-me de na presidência do dr. Fernando Gomes se ter intervencionado na chungaria que era a Viela do Anjo e também no espaço agora designado por largo do duque da Ribeira a dois passos da rua Mouzinho da Silveira, pois quem por lá passar agora parece que está em terra de ninguém, tal é o seu estado desértico e grafiticado sem jeito! No curto reinado à frente da CMPorto do Eng. Nuno Cardoso numa de revitalizar essas zonas, (ou seria só para se pôr em bicos de pés?), instalou o seu gabinete no Largo do Colégio, junto à igreja dos Grilos, não sei por quanto tempo, tinha havido também aí uma intervenção. A notícia foi dada em parangonas nos jornais, como convém, mas parece que não teve grande sucesso e o engenheiro voltou para o ar condicionado do belo edifício camarário na baixa portuense.

Se no passado era in viver na cidade, agora as pessoas preferem os arrabaldes (este termo é muito empregue por Germano Silva nas aulas ao ar livre quando refere o que estava para fora das muralhas), hoje diz-se área do grande Porto, onde eventualmente o ar é mais puro, menos confusão, garagem para o carro (pois claro, agora todo o bicho careta tem popó), construção mais moderna e eventualmente mais em conta,  em suma também é uma questão de modas.

Uma das ruas teve agora uma intervenção urbanística de peso, Rua das Flores, parece-me que irá ter sucesso. Se por lá passarem notem que estão a  pisar lajes graníticas exploradas em pedreiras da serra do Montemuro em  Cinfães e serradas em Várzea do Douro(Marco), informação que recolhi aos operários da obra durante as minhas deambulações pela zona intervencionada, parida a ferros.

 

   Ant. Gonç. (antonio)