Olhar o Porto - CLXXXIII(Universidades segundo Aquilino)
Já por aqui disse que não sou leitor marrador dos autores portugueses. Digo isto com alguma mágoa de não ter grandes capacidades de leitura. Mas vou fazendo um esforço que é traduzido em satisfação quando acabo um livro.
Há um autor que me é apetecível, já devorei alguns livros de Aquilino Ribeiro, o último foi “quando os lobos uivam” e agora assentei baterias para a “casa grande de Romarigães”. Este autor é-me particularmente afectivo, pois retracta o meio rural das Beiras na primeira metade do século XX com traços genuínos. Desce ao meio campónio com uma fraseologia serrana rica de significados, sendo ele um intelectual dos meios citadinos, como se fosse um entre os demais. Temos que na leitura, parar a miúde, ir ao Porto Editora e mesmo aí ficamos por vezes em branco, então vamos ao GOOGLE.
Era um crítico dos poderes da altura instituídos e não lhe escapava o meio eclesiástico, tendo sido um ex-seminarista. A sua craveira literária era reconhecida até por Salazar que dizia que era um inimigo do regime mas que isso não importava pois era um grande escritor. Os governos do pós 25 de Abril de 1974 também reconheceram o grande mestre Aquilino, deram-lhe guarida no panteão nacional.
Crítico das instituições académicas, aqui no Porto referia que a verdadeira Universidade era na Praça da Liberdade com troca de saberes entre os intelectuais quer nos cafés que aí havia quer no Passeio das Cardosas. Aquilino era frequentador assíduo das tertúlias quando estava por cá. Mas não ficava pela cidade do Porto pois também dizia que mais valia um passeio de três dias em Paris do que um curso universitário em Coimbra.
Dizia certamente isto, digo eu, porque as Universidades estariam com semi liberdade salazarista, não poderiam discutir sem peias, o que ia contra as amplas ideias do mestre Aquilino.
(antonio)