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Magistério6971

Os autores deste jornal virtual apresentam a todos os visitantes os seus mais cordiais cumprimentos. Será bem-vindo quem vier por bem.

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O meu ferro de engomar

Concebido com o objetivo de sacrificar as mulheres, este vetusto exemplar tinha como função alisar os tecidos de forma a dar-lhes uma boa aparência e asseio.

Fabricado em ferro, daí o nome, era extremamente pesado e de difícil manejo.

 

Consumia avidamente brasas, de preferência incandescentes, que se retiravam da fogueira com ajuda de umas tenazes, (convinha) sendo depositadas na parte oca do ferro. Depois de bem fechado com uma patilha de segurança, esperava-se algum tempo para o bem aquentar e, então, iniciava-se o  tão moroso e cansativo processo- passar a roupa a ferro.

 

Quando o termostato apontava descida de temperatura, para continuar a lida com bom desempenho, era necessário soprar por um orifício que se encontrava por detrás do ferro, para que as luculentas brasas reacendessem. Portuguesmente falando soprava-se-lhe no cu. Este procedimento era repetido inúmeras vezes, até ao final do trabalho.

Pois, engomar a roupa há uns anos atrás não era tarefa muito fácil.Por vezes, o azar acontecia, uma faúlha soltava-se e lá diz  o ditado popular "No melhor pano cai a nódoa". Quando isso acontecia uma descarga emocional de orações não se fazia esperar"Ai valha-me Deus. O Senhor me acuda".

 

Felizmente para bem das mulheres, estes ferros tradicionais foram substituídos pelos de energia elétrica, mais leves, práticos e eficientes.

 

Este exemplar foi herança de família. Guardo-o com muito carinho, apesar de, na minha meninice nutrir pouca simpatia pelo bicho. Dezenas de vezes, proferia irritada que o seu inventor deveria levar com ele na cabeça. É que, obrigatoriamente,  segurava nas pontas dos lençóis de linho para que, passo a passo, a minha mãe esmeradamente os engomassem. Eram minutos intermináveis.

 

Ao longo de tantos anos de trabalho, se este ferro fosse falador, inúmeras e prodigiosas histórias poderia nos relatar. Umas protagonizadas por mim, outras só presenciadas, mas todas elas registadas no meu currículo de vida e, bem guardadas para sempre, num dos cantinhos das minhas recordações.

 

 Benilde

 

 

 

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