Olhar o Porto - CLXXXI(Adeus até à eternidade)
Manhã fresca, ainda o catedrático, que não andou na Universidade, (eh, não confundir com relvices!...), não tinha chegado, ver imagem, e já a multidão se acotovelava no jardim de S. Lázaro, mandado construir por D. Pedro IV, junto ao coreto. Era aí o ponto de encontro e de saída para mais uma visita à cidade, orientada como sempre pelo veterano Germano Silva, desta vez como lema – caminhar nas varandas sobre o Douro.
Rua de S. Vitor e eis-nos no Largo Padre Baltazar Guedes, lado poente da entrada do cemitério Prado do Repouso. Aqui para dizer que os restos mortais do grande Francisco Almada Mendonça que estavam na igreja da Misericórdia, Rua das Flores, vieram para o Prado do Repouso em grande cortejo para assim quebrar a relutância dos que só queriam os enterramentos nas igrejas e não nos cemitérios ao ar livre.
Sempre com motivos históricos floreados com buchas humorísticas, são uma das razões destes passeios terem participantes mais que muitos. Alameda das Fontainhas, miradouro de excelência da burguesia do século XIX, obra do já referido Francisco Almada e Mendonça que alargou a cidade para fora das muralhas Fernandinas. Sempre com o Douro à vista seguimos pelo Passeio das Fontainhas e chegamos ao local onde actualmente existe o viaduto Raúl Dória vulgo Duque de Loulé, junto à Rua do Sol. Aqui o mestre falou na existência do palacete do conde Samodães onde funcionou a Escola Oliveira Martins frequentada por Germano Silva, que segundo as suas palavras que há dias apanhei no Porto Canal era uma autêntica universidade, onde havia um alfobre de bons mestres. Do palacete e jardins já só existem umas reles ruinas pois nem sequer está acautelado, eventualmente ajardinado, o que restou da passagem do viaduto e do parque de estacionamento que existe debaixo do mesmo.
Largo Primeiro de Dezembro e descemos as Escadas do Codeçal em direcção à praça da Ribeira e daí até ao Largo do Terreirinho. Aqui mais umas dicas de história, era o local de embarque e desembarque de mercadorias até porque ali havia a alfândega, actualmente Casa do Infante. Era também neste local que embarcavam para o Brasil os emigrantes nos veleiros. De terra os familiares, sabendo a distância do longínquo Brasil e dos perigos na navegação acenavam com “um adeus até à eternidade”.
O passeio à cidade, sempre acompanhado pelo rancho folclórico do Porto, ainda continuou até à praça do Infante mas como a hora já ia adiantada optei por me ausentar, estava na hora de ir colocar os pés debaixo da mesa.
Ant. Gonç. (antonio)