Pela ruralidade - CXXXII(O Senhor dos Enfermos)
Desde que me conheço, com breve intervalo a quando da comissão de serviço militar em Angola, marquei presença na romaria com o nome supra citado, que se realiza no dia de Pentecostes em Macieira – Fornelos. Não sendo eu um entusiasta deste tipo de ajuntamento de povo, a minha presença tem mais a ver com um certo apego à terra que me viu nascer. Pode-se dizer que é a mais importante romaria laico religiosa que se realiza no concelho de Cinfães e com nomeada nos concelhos vizinhos. Estou pois habilitado a fazer uma radiografia desta festividade desde os meus tempos de menino de calção.
A fé, sobretudo dos romeiros rurais, vai sendo aguentada à tona da água com sermões vozeirados por padres escolhidos a dedo debitados pelos altifalantes a quando da “santa missa campal”. Parece que o que está a dar é alimentar a fé do povo nem que seja com impacto de trombone demagógico.
Recuando ao tempo do salazarismo esta romaria tinha um cariz bastante tétrico, tal era o número de esfarrapados, pobres, estropiados, deficientes que andavam a estender a mão à caridade. Naquela altura as reformas, pensões, RSI eram uma miragem. Actualmente essas miserabilizações já não existem na festividade do senhor dos enfermos e as barracas de comes e bebes já não vendem vinho da pipa. No passado as cavalgaduras desciam da serra com os alforges prenhes de merendeiros, agora os quatro rodas vão-se acotovelando até chegar perto do arraial. E p´ro menino e p´ra menina os mais variados carrouceis dão um ar colorido à festança.
(antonio)