Olhar o Porto - CLVIII(Notas dum passado recente)
Nos anos setenta do século passado eu gostava de ler à segunda-feira a última página do JN onde vinha uma resenha sobre o ensino no 1º ciclo. Era a “semana escolar” da autoria de Vale de Passos. Tinha uma parte descritiva sobre regulamentos e outra em que respondia a eventuais dúvidas colocadas pelos leitores normalmente professores.
Mas nos anos oitenta havia já também outros interesses que me despertavam a leitura do citado jornal. Estou a referir-me por um lado aos trabalhos de cultura histórica sobre o Porto de Alfredo Natal e por outro às investigações jornalísticas de casos sonantes de gente que se não era de colarinho branco andaria perto, de Aurélio Cunha.
Se o primeiro é um amigo e colega de curso de longa data, já Aurélio Cunha de quem só conhecia as reportagens bombásticas no JN, algumas fizeram rolar cabeças, passe o eufemismo, fiquei também amigo a partir do momento em que me cruzei com ele no ginásio que frequentamos.
Posso dizer que foi com os trabalhos de Natal que comecei a ter algum conhecimento e gosto sobre o Porto antigo, pois até aí andava tapadinho. Mais tarde com os passeios à cidade com Hélder Pacheco, Júlio Couto, Germano Silva e também agora com Joel Cleto no Porto Canal, fui sucessivamente apanhando mais saberes, e neste aspecto há sempre uma esquina a descobrir atrás de outra, cada cavadela cada minhoca. A CMP no passado oferecia aos munícipes uns passeios culturais à cidade com os dois primeiros que referi, mas isso parece que foi chão que deu uvas, está tudo nas lonas, e a cultura é a primeira a ficar secundarizada. O JN colmatou esse vazio e ainda bem, pois com a FNAC e a publicidade do Porto Canal têm sido realizados interessantes passeios à cidade orientados por Germano Silva e refrescados com o acompanhamento do rancho folclórico do Porto que tem à frente outro conhecedor da cidade António Fernandes de raízes cinfanenses mas com o cordão umbilical cortado. Têm a mais valia de serem também umas caminhadas no último domingo de cada mês. E como é agradável andar pela cidade saboreando a calmaria das manhãs domingueiras!...
(antonio)