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Magistério6971

Os autores deste jornal virtual apresentam a todos os visitantes os seus mais cordiais cumprimentos. Será bem-vindo quem vier por bem.

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Olhar o Porto - CLVII (As Praças)

Como gosto de dar ao pedal sem bicla, vou a cada passo até à cidade mui nobre, passando por debaixo de cinco travessias de grande monumentalidade sobre o Douro. A boots pela marginal observando as aves que campeiam nas águas do Douro. Nesta altura do ano é habitual andarem por ali bandos de corvos marinhos vindos do norte da Europa, são excelentes mergulhadores à cata do peixe. Flamingos e garças bem como patos, não falando nas eternas gaivotas, fazem uma biodiversidade fluvial, ora vagueiam pelo rio ora poisam nas espécies arbóreas das margens.

Dois locais paradigmáticos fazem parte das minhas andanças pela cidade. São duas praças, a da Ribeira e a da Liberdade. Quando se fala na Ribeira está subjacente que se trata da Praça da Ribeira. Já a outra, a da Liberdade é conhecida só por Praça.

A primeira, mais antiga, entrada na cidade, foi sempre local de comércio ligado ao rio pelos rabelos vindos do interior, e os navios que demandavam os portos da Europa. Está emoldurada com uma monumental fonte onde há poucos anos foi lá colocado um piroso S. João por escultor de nomeada, não havia necessidade!... Há poucos dias quando por lá passava observei a galhofa de dois  maduros casais de turistas estrangeiros ao olharem para o santo; senti-me menorizado por não ter podido apanhar o conteúdo sarcástico dos observadores. Mas pronto, perante obra de escultor sonante, a CMP agachou-se.

Quanto à “Praça” foi um dos locais mais snob onde os intelectuais se encontravam a serrar nas tontarias governamentais, assim como engravatados tripeiros a laurear a pevide ou a polir esquinas pelo Passeio das Cardosas também designado Pasmatório dos Lóios. Aquilino Ribeiro dizia que era ali como se fosse uma universidade, já por aqui falamos nisso, tal era a troca de ideias e saberes, muitos conspirativos ao poder. E os cafés que por ali existiam tinham as cadeiras com os espaldares de coiro bem coçados por  intelectuais, muitos deles, Ramalho, Aquilino, Camilo entre outros deixaram-nos obras abundantes.

Nos anos sessenta/setenta do século passado  a Praça e a Avenida dos Aliados mantinham ainda um certo charme atractivo. Estava-se na época das iluminações artísticas dos néons,  não percebi o motivo de se ter perdido essas mais-valias que chamavam gente à cidade. Saliento dessa altura o interessante jornal luminoso que corria as notícias nacionais e do estrangeiro na frontal superior do belo edifício onde funcionava o “Comércio do Porto”. O pessoal posicionava-se no passeio do outro lado da Av. dos Aliados lendo as notícias com curiosidade, era um tempo em que a televisão ainda não era para todos. A Praça e a Avenida dos Aliados na actualidade são locais entristecidos, mas não vamos chover no molhado, já por aqui falamos nisso, salva-se a boa recuperação do palacete das Cardosas, bem como o quarteirão na envolvência.

 

  Ant. Gonç. (antonio)