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Magistério6971

Os autores deste jornal virtual apresentam a todos os visitantes os seus mais cordiais cumprimentos. Será bem-vindo quem vier por bem.

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Olhar o 25 de Abril

Quando se fala no 25 de Abril os mais maduros identificam o dia, o mês e o ano(1974) embora não esteja explícito. Assim como quando no passado se falava no 31 de Janeiro, não direi todos, mas os oposicionistas ao governo de Salazar identificavam também o ano – 1891.

Estava eu nos começos da minha vida profissional. A escola já não ensinava como no meu tempo da primária, os distritos, caminhos de ferro, serras, rios e que mais direi eu das chamadas províncias ultramarinas, mas ainda dava uma abordagem pela rama. A guerra colonial, nas províncias ultramarinas, como o governo de então dizia, estava já há uns anos em três frentes, Angola, Moçambique e Guiné, a moer os sentimentos do povo português, pois muitos dos seus filhos iam tombando. Nesta situação faltava só o clic, para mais dia, menos dia algo acontecer.

Os militares, e são sempre os militares, já tinham ensaiado um mês antes, indo uma coluna das Caldas para Lisboa. Não teve apoio de mais unidades, foi barrada à entrada da capital e os cabecilhas engavetados. A semente ficou lançada e em breve em todo o país os militares levantaram as armas e apearam o regime vigente, foi em 25 de Abril de 1974.

Na noite anterior tinha-me deitado tarde a ouvir canções da época, entre elas do melodioso Demis Roussos. Não me passava pela cabeça que daí por algum tempo estivesse no Largo Soares dos Reis assistir à rendição da polícia política PIDE-DGS que tinha a sua sede aqui no norte no palacete onde agora funciona o museu militar. Do varandim a antifascista engª Virgínia Moura, o escritor Óscar Lopes e o comandante dos revoltosos coronel Azeredo anunciaram a libertação imediata dos antifascistas ali presos. Entretanto vieram uns camiões militares que levaram os PIDES, creio que para o quartel general da Praça da República, mas em breve foram soltos. Alguns automóveis estacionados na Rua António Granjo, ali ao lado, identificados como pertencentes aos agentes da polícia política, foram incendiados.

Estes foram acontecimentos desta revolução, que vivi, trabalhava ali a dois passos. Nos dias a seguir os lideres estudantis Horácio Guimarães e Pina Moura ligados ao PCP, na Praça junto ao cavalo, leia-se estátua equestre de D. Pedro IV, inflamavam as massas com as conquistas do 25 de Abril. Lá por Lisboa o "educador da classe operária", Arnaldo de Matos, também arrebanhava um grupo aguerrido de esquerdistas, e a aliança Povo-MFA era a bandeira do PCP.  O PS mais moderado  tentava tirar o protagonismo ao partido de Cunhal. E os SUVs também deram que falar!... (Lembrei-me agora destas pontualidades históricas).

De um regime de ditadura passou-se para um regime democrático que, como se tem visto, tem arrastado o país para um destino sem futuro. As pessoas na ditadura não podiam miar, mas na democracia podem berrar mas não têm pão p´ra boca, e desemprego e o estado social em derrocada. Então comemorar o 25 de Abril hoje, talvez sim, talvez não, mais para o não. No passado comemorei-o de cravo na lapela, ou se não foi interiorizei-o, agora já não vou nessa.

 

 

  http://www.youtube.com/watch?v=j5r8rruRhqs&feature=related

 

 

 

 

   (antonio)