Olhar o Porto - CXXXIV(Na Foz)
A crónica dominical de Germano Silva no JN abordava a história da chamada “Foz Nova” em oposição à “Foz Velha”, nomeadamente a Estrada de Carreiros antecessora das actuais avenidas Brasil e Montevideu.
No passado outros escritores foram dando relatos dos vários “Portos” que através dos tempos se foram moldando até aos nossos dias. Numa geração verificamos as alterações que se vão dando no tecido urbano, pensamos que as mais acentuadas deram-se nos últimos dois séculos. Eu próprio às vezes me interrogo sobre a dinâmica evolucionista da zona onde vivo. Ainda há poucos dias em conversa com um filho do caseiro que foi da quinta, onde agora estão plantadas habitações com uma teia de ruas pelo meio, me dizia: aquilo está totalmente modificado. Ele eram vacas a pastar, vinhas, campos de milho, couves, alfaces, pencas, nabos etc. que abasteciam os mercados da cidade do Porto. Até o poço da água que estava no cimo da quinta, acoplado com uma nora, foi arrasado e agora no espaço envolvente está um campo relvado de futebol.
Mas voltando à interessante crónica de Germano Silva, fala-nos dos carros de bois que pela estrada que lhes deram o nome, de Carreiros, vinham lá das terras da Maia e Matosinhos fazer fretes tendo com ponto fulcral da recovagem os armazéns da Ribeira. O cronista fala também da Praça Gonçalves Zarco, vulgo Castelo do Queijo e diz que daí até à Foz Velha, pela tal estrada de Carreiros, era local ermo onde era arriscado andar de noite.
Agora uma nota pessoal, pensei que o cronista ia falar nas alterações para pior que fizeram nessa praça, são as tais obras que a cidade agradeceria se não as tivessem feito. Já por aqui falei nisso mas aproveito para lembrar, colocar a estátua equestre de D. João VI em cima duma “paragem de autocarro” mandando às malvas o imponente pedestal granítico foi uma má gestão urbanística e dos dinheiros de todos nós. E fazer por baixo um parque de estacionamento sem jeito!... Enfim, coisas que deviam ser evitáveis. (Podiam poupar D. João VI a estas tropelias, já lhe bastou ter uma Carlota Joaquina, perversa, feia, traidora e vulgar).
(antonio)