A minha Páscoa, hoje e ontem
Dia bonito, com sol radioso, céu azul, propício para que as várias cruzes fizessem o seu trabalho, calcorreando as ruas para abençoar as famílias que tinham a porta aberta. Dos componentes do compasso, tudo gente nova, até diria nova demais, que se predispôs a esta tarefa. Ontem tinha estado em S. Mamede de Infesta com um amigalhaço dos tempos aureos da Escola do Magistério e em conversa veio à baila a visita pascal a aí ele me disse que o compasso não recebia oferta monetária. Hoje de manhã aqui na minha rua confirmei isso mesmo.
Tenho raizes rurais onde abrir a porta ao compasso era norma em todas as casas. Na actualidade essa tradição já não me diz muito, fui mais sensibilizado por ter em casa a minha sogra, que é mais dessas coisas da igreja.
Mas voltemos à Páscoa de outrora no meio rural da minha meninice. Durante a semana anterior era uma lufa-lufa na lavagem das casas e até os caminhos eram varridos para receber a solenidade do compasso. O senhor abade, na terra era assim tratado, acompanhado de quatro maduros, o da Cruz, o da água benta, o da saca para a indispensável oferta monetária e o da condessa para receber os ovos ofertados e ainda o da sineta que era sempre um rapazola que seguia uns metros à frente, tlin, tlan! anunciando a chegada do compasso. Era tudo gente que gostava de entornar uns canecos acompanhados dumas fatias de pão de ló que uma ou outra família de casas de lavradores ofereciam. Não se faziam rogados e no fim do dia se uns já não faziam um quatro, outros faziam oitos e o cura com as bochechas bem rosadas já dava passos em falso!...
A visita pascal "compasso" era assim uma maneira de arranjar também uns dinheiros para a paróquia.
(antonio)