Olhar o Porto - CXXII(A cidade oriental)
O homem tem cá uma pedalada que deixa atrás de si um galgo esbaforido em extensa planície alentejana. Era isto que o meu subconsciente parecia ouvir daquele grupo numeroso atrás de Germano Silva. Eu que não sou propriamente um molenga pedestre, tinha que carregar no acelerador para não ficar para trás e ouvir mais de perto a sabedoria infinita do mestre sobre a cidade, com umas buchas humorísticas pelo meio.
O passeio de hoje foi pela zona oriental, teve duas componentes, uma na cidade que normalmente conhecemos e outra a cidade escondida onde a ruralidade e os resquícios da era industrial ainda guardam memórias.
Partida da Praça Marquês de Pombal, vulgo Marquês, obra dos Almadas, antigo Largo da Aguardente, onde logo ali recebemos umas dicas bem como receção brindada pelo grupo folclórico do Porto. Rua Latino Coelho e Rua de Santo Isidro um dos pontos mais altos da cidade, local defensivo das tropas liberais a quando do Cerco do Porto. Praça e Jardim da Rainha D. Amélia, aí a capela de S. Crispim que veio para aquele local após ter estado nas imediações do Largo de S. Domingos. Teve de ser transferida a quando da abertura da Rua Mousinho da Silveira. A cidade tem muitos exemplos de capelas que mudaram de poiso, outras foram simplesmente destruídas. Estou agora a lembrar-me, a talho de foice, como teria sido uma medida acertada quando se pensou em fazer o Pavilhão dos Desportos, atual Rosa Mota, transferir o verdadeiro Palácio de Cristal para outro local!... Rua da Póvoa, e aí sim as memórias da cidade industrial onde o casario e ruas estreitas são marcos que subsistem. Capela do Senhor Jesus da Boa Vista, que fica junto ao hospital das “Goelas de Pau”. Rua das Eirinhas e paramos no amplo espaço arborizado, jardim de Paulo Valada, vulgo de Fernão de Magalhães. A partir daqui Rua Santos Pousada (o mestre disse que foi professor primário, no entanto numa pesquisa no Google vejo que foi professor da escola industrial Faria Guimarães, onde mais tarde funcionou a escola Soares dos Reis e agora funciona a escola de Hotelaria) e Rua de D. João IV onde as casas de gente endinheirada ainda nos fazem parar admirando o glamour. A rua das Oliveiras, nome sugestivo frisou, e agora vamos em direção à Praça dos Poveiros, disse Germano Silva. Como a hora para mim já ia adiantada, desenfiei-me, para usar um termo da tropa, e fui até casa colocar os pés debaixo da mesa.
Em Dezembro há mais…
(antonio)