Casos tristes
O crime que aconteceu no Brasil enrolado numa herança de milhões trouxe-me à memória outros casos altamente graves:
Urbino de Freitas, médico, fim do século XIX, lente da Escola Médica do Porto, chegando também a produzir notáveis trabalhos sobre lepra. Casou com uma filha dum rico comerciante da Rua das Flores. Foi condenado por ter morto dois herdeiros do potente comerciante, seus familiares, para se locupletar com a fabulosa herança. Foi ainda demitido das suas funções, deportado para o Brasil, proibido de exercer medicina.
Outro caso, dos nossos dias, foi a condenação do padre Frederico por ter morto um indivíduo, questões de homossexualidade. Era um sacerdote que gozava da confiança do bispo do Funchal que tristemente o tentou defender. Na primeira saída precária da prisão de Lisboa deu o salto para o Brasil e assim se viu livre de penar pelo crime que tinha cometido.
Agora outro caso sonante envolvendo uma figura de alto gabarito social e que foi de primeira estampa do parlamento português, acusado de grave crime no Brasil, envolvendo milhões. A justiça brasileira não esteve com meias medidas, mandou um alerta para a Interpol para deter o famoso advogado altamente suspeito.
Por norma acordo cedo. Hoje assim aconteceu, ainda a aurora não despontava através da vidraça e já o chapim cantador dava os primeiros trinados. Neste silêncio nocturno propício ao pensamento cortado apenas pelo madrugador pássaro, comecei a magicar. Mas será possível um crime por alguém tão inteligente do topo da nossa sociedade?!... Bem, fiquei-me nessa, mas a minha cabeça ficou inquieta e interroguei-me: se crime idêntico fosse alegadamente cometido em Portugal a uma cidadã brasileira, envolvendo milhões, por uma figura do topo do país irmão e com idênticas provas como as que foram arroladas no crime do Brasil, será que a justiça portuguesa despoletaria idênticas medidas nomeadamente pedido de prisão para a Interpol? Sabendo-se que a nossa justiça quando toca em poderosos o faz com pinças, deixo isto à reflexão! E o Conselho de Estado respirou de alívio por às tantas não ter no seu seio esta figura de inteligência rara acima da média como teve outra da mesma área política, que segundo se diz, fez desfalques astronómicos num banco!
PS: Já tinha alinhavado estas linhas quando passo os olhos pelo Diário de Notícias e numa caixa alusiva ao caso vertente dizia um juiz do Brasil que teoricamente há a possibilidade por via diplomática na troca entre o padre Frederico e o advogado que está na berlinda.
(antonio)