Culto dos mortos
A população de Arouca, manifestou sempre grande respeito e uma veneração muito especial pelos seus mortos.
Distribuidas por 20 freguesias do concelho, existem dezenas de Alminhas situadas normalmente nas margens dos caminhos, recordando a memória dos seus mortos. Há construções muito simples, mas outras mais elaboradas com grande valor artístico. A que se refere a imagem fica localizada na entrada da minha aldeia. Quando por lá passo, encontra-se sempre, cuidadosamente ornamentada com um vaso de flores e uma vela acesa, como se pode observar.
Não é só através das Alminhas que o povo de Arouca manifesta a sua religiosidade e o seu culto aos mortos. Em quase todas as freguesias existia e, em muitas ainda existe, a Irmandade das Almas.
Uma das Irmandades mais antigas do Concelho é a da Vila de Arouca, que teve seus estatutos aprovados em 15 de Setembro de 1715, tendo por patrono o Bispo S. Nicolau.
No capítulo 23 dos Estatutos era determinado "Ordenamos que os Mordomos tenham cuidado no seu ano, de procurar um homem de boa vida e costumes, pagando-lhes dos réditos da Irmandade, para que todas as sextas-feiras na quaresma, a todos os Passos desta vila, encomende as almas do Purgatório, rezando-lhe e pedindo, em voz alta e inteligível a todos que se lembrem delas, isto com quietação, modéstia e devoção".
Na cerimónia de "Emendar as Almas" na vila de Arouca, só cantava o ementador e só homens tomavam parte na cerimónia. O Ementador entoava o seguinte cântico:
Ó homem qu´és terra,
Lembra-te qu´há-des morrere!
Tens de dar contas a Deus,
Do teu bom ou mau vivere!
Mais peço, irmãos meus,
Um Padre-nosso e uma Avé-maria,
Por alma de (citam o nome)...
Seja pelo amor de Deus
Ao iniciarem a cerimónia, declamavam:
Alerta, pecadores alerta,
A vida é curta, a morte é certa!
Com as saudações espirituais, Benilde