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Magistério6971

Os autores deste jornal virtual apresentam a todos os visitantes os seus mais cordiais cumprimentos. Será bem-vindo quem vier por bem.

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Maio e as trovoadas

 

 O calor intenso e nuvens carrancudas são os ingredientes necessários para que, cá pela serrania, há alguns dias a esta parte, raios rasguem o céu e ensurdecedores estrondos se façam ouvir. Começa de mansinho bem longe, lá para as bandas de Cinfães e vai-se aproximando, aproximando e ei-la bem breve por cima da nossa pacata vila – a trovoada.


Quando andava na escola, a criançada fazia de imedito as contas para se certificar do perímetro de segurança. Sabia-se que, se a velocidade de som no ar é de 343m/s, bastava multiplicar 343 pelo número de segundos de diferença entre raio e o trovão e obtinha-se a distância da trovoada em metros. Depois era só reduzir para kms. Éramos de uma esperteza!…


Nos dias felizes da minha juventude, nas férias de verão, éramos obrigadas a frequentar as aulas de corte e costura para assim, tal como as mães nos diziam,   sermos exemplares esposas e boas donas de casa, sem defeitos a apontar, transformando-nos em máquinas perfeitas para servirmos futuros maridos imperfeitos.


Confesso que nunca tive muito jeito para  essas tarefas e a prova é que a minha primeira obra-prima para uma cliente da minha costureira orientadora, um avental, veio devolvido com as costuras todas desfeitas. Claro que recebi de imediato uma censura com sermão e missa cantada.

 

Mas voltando à trovoada. Num dia em que me dirigia para a tão detestável aula de costura, fui corrida por uma temível trovada. Terrivelmente amedrontada cheguei ao local do crime e todas as pupilas encontravam-se a apregoar  uma longa lengalenga que, mais tarde, me serviu para aliviar a agonia dos dias terríveis de trovoada e pretendo partilhar convosco, caso venham a necessitar. Então memorizem.

 

São Gregório se levantou
Suas santas mãos lavou
Seu caminho caminhou
Nossa Senhora o encontrou
E Ela lhe perguntou:
São Gregório onde vais?
- Vou espalhar esta trovoada
Que sobre nós anda armada.
- Espalha-a bem espalhada
Para que não haja leira nem beira
Nem raminho de Oliveira
Nem mulheres com meninos
Nem ovelhas com borreguinhos
Nem vacas com bezerrinhos
Nem pedrinha de sal
Nem nada que faça mal.
Amén.

 

Caso não consigam memorizar também podem optar por queimar ramos de oliveira benzidos, de preferência no domingo de ramos.

 

Com saudações serranas, Benilde

 

 

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