Solidão, isolamento
Ainda estava meio mundo perplexo com a notícia da senhora de Sintra que foi encontrada morta em casa passados nove anos e eis que outros casos com este figurino surgiram.
Nos meios informativos os comentadores argumentavam o triste caso dizendo que se fosse numa aldeia, e não num prédio com vários inquilinos, as coisas não se teriam passado dessa maneira onde o sentimento de proximidade é mais forte. Ora estas análises caíram por terra com o aparecimento de um outro cadáver que já o seria há três meses numa aldeia de Cantanhede.
Nestes dois casos há uma vertente comum. Eram pessoas do extrato social médio, a senhora tinha sido educadora de infância e o outro um antigo militar, com boa reforma, pessoa de cultura acima da média, bem falante e pasme-se, para aquela idade(71), noctívago. Se no primeiro caso parece que a senhora falava com os vizinhos já no segundo o ar intelectual do cavalheiro não abria jogo. Quer num caso quer no outro familiares estavam à distância, não havia ligações, portanto não houve um forte sentimento de busca pelos desaparecidos da vista dos vizinhos. Mais um caso também aconteceu em Matosinhos, assim sendo as coisas passam-se transversalmente por todo o país.
É sabido que o nosso país caminha a passos galopantes para a "velhice" e com um sentimento, não direi de desprezo, mas de indiferença por essa camada social. Hoje vangloria-se o que é novo e os velhos se não ficam esquecidos, faz-se de conta. Até nos bens materiais, o que é novo é que é bom!...
Há que alterar estas mentalidades lembrando aos jovens que daqui a nada serão velhos, se não ficarem pelo caminho.
(antonio)