Pedras Parideiras
Num dos mais belos recônditos da Serra da Freita, mais propriamente no lugar da Castanheira, pertencente à freguesia de Albergaria da Serra, onde eu dei os primeiros passos da minha existência como professora, ocorre um fenómeno conhecido por “Pedras Parideiras”. Não sendo eu uma expert na área da geologia, tive algumas dificuldades em perceber tal fenómeno, que se caracteriza segundo os entendidos, por ser uma rocha granítica com inúmeros nódulos, cujo núcleo é composto por quartzo e feldespato e está envolvido numa coroa tipicamente biotítica, em forma de disco biconvexo. Pode chegar a 15/20 cm de diâmetro e 5/6 cm de altura. A sua idade ronda os 280-290 milhões de anos.
Por acção da erosão, os nódulos que ficam à superfície da rocha granítica acabam por saltar. A explicação para este fenómeno é simples.
A biotite que reveste os nódulos, como é uma mica, tem pouca resistência mecânica, fracturando-se em folhas. A água da chuva e do orvalho, infiltra-se nas folhas da mica e, no inverno, congela. Ao congelar, a água aumenta de volume. Com o aumento do volume, o gelo faz de cunha e força os nódulos a soltarem-se da rocha granítica. Então o povo da região diz que “os nódulos são paridos pela pedra parideira”.
Este fenómeno atrai a este lugar muitos curiosos que, abusivamente, recolhem carradas de pedras para seu uso pessoal. Este assunto no artigo do Espantalho Poeta deu grande polémica e só tenho a felicitar o António por ser um defensor acérrimo da preservação de tão grandioso património. Aos mais cépticos, que se riem e gozam, venham a Arouca. Sejam portadores de boa disposição e muito civismo, respeitem um património que afinal é de todos nós, uma vez que é único em Portugal e raro no planeta Terra.
Lembro-lhes que a maternidade das Pedras Parideiras é somente na Castanheira. Deslocadas desse lugar, negam-se a parir.
Com as saudações serranas da Benilde.