Pela ruralidade - XXXVIII (A esfolhada)
O Outono era a época mais alegre para os agricultores, tempo das colheitas. Os “milhos” tinham amadurecido nos campos e iam sendo escochados e transportados para a eira. Era esta a altura de fazer a esfolhada que é a separação da maçaroca do folhelho. Trabalho nocturno ao luar feito num sistema de entreajuda com a vizinhança. Era também como um arraial festivo e daí haver sempre voluntários para a esfolhada de fulano ou beltrano. O pessoal assolapado à volta da rima de espigas era sempre a dar-lhe a descamisar. Rapaziada não faltava também na expectativa do aparecimento do “milho-rei”. E quando tal sucedia aquilo era uma festa, aquele (a) que o descobrisse tinha carta branca para dar uma rodada de abraços aos restantes, e alguns que sabor eles tinham!... No fim da safra as espigas já descamisadas iam para o canastro e o folhelho era guardado no palheiro com várias finalidades sendo uma delas para as enxergas, o sobrante era guardado para dar ao gado pesado nos dias de Inverno rigoroso.
Ah, a meio da esfolhada não faltavam uns covilhetes de carrascão que deixa o pessoal coradinho, tirado directamente da pipa pela torneira que chiava ao desandar, saciava as gargantas e era o clic para os mais afoitos debitarem umas cantorias seguidas por todo o maralhal. Era o retrato dum povo feliz que eu ainda presenciei na minha meninice em Macieira freguesia de Fornelos concelho de Cinfães.
Fiquem bem, antonio