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Magistério6971

Os autores deste jornal virtual apresentam a todos os visitantes os seus mais cordiais cumprimentos. Será bem-vindo quem vier por bem.

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Pela ruralidade - CLXXXV(Recuando no tempo)


Há sessenta anos, mais coisa menos coisa, Portugal era um país eminentemente rural, a televisão estava a dar os primeiros passos, a preto e branco, e viva o velho!... As estradas eram em macadame e os caminhos rurais com fortes rodeiras dos carros de bois, na minha região, dizia-se carros de vacas, pois eram estes animais dominantes. Havia também os carreiros de pé posto que cortavam caminho. As romarias, leia-se festas com cariz religioso, eram anuais, mas feiras havia em todas as sedes de concelho, e não só, normalmente quinzenais. Eram pontos de encontro e de negócio, sobretudo de gado vacum que era uma das fontes de riqueza (?) dos rurais.
Perante esta normalidade da ruralidade havia a GNR que andava sempre atenta a manter a ordem e os regulamentos que estavam em vigor. Assim os carros de bois deviam ter a licença devidamente estampada em chapa esmaltada na lateral da cabeçalha ou do chadeiro. Quando iam carregados não podiam chiar, o eixo devia ser lubrificado, normalmente com sebo. Embora aqui houvesse alguma condescendência pois os lavradores tinham uma certa vaidade na chiadeira, sinal que ia com carga pesada, bom pecúlio. As aguilhadas, varas para conduzir e acicatar os animais, não podiam ter o aguilhão maior que a espessura de uma moeda. Há dias um veterano segredou-me que quando aparecia a “senhora guarda” e se o aguilhão ultrapassasse o que estava determinado, viravam a aguilhada ao contrário e batiam no solo para que o aguilhão ficasse nos conformes. As cabeças das brochas dos rodados também estavam na mira das autoridades, não deviam exceder o calibre permitido para não estragar o macadame das estradas. As cargas, normalmente de lenha com ramagem, não podiam ir a roçar na estrada.
Enfim, coisas duma época, que a GNR não descurava.

 

Ant.Gonç. (antonio)