Pela ruralidade - CLXXXIII(Uma tigela de carrapatos)
Aquilino Ribeiro, um célebre escritor beirão, que faz suar as estopinhas a quem o lê, retrata as vivências do homem rural sobretudo na primeira metade do século XX.
Para ler os seus livros, Cinco Reis de Gente é o que estou a ler, temos de nos transfigurar usando chancas, ou quem for mais aburguesado botas de elástico, saias compridas e chinelos rapeiros para elas, enfronharmo-nos nos caminhos rurais e entabularmos conversa com os campónios de calças de cotim com quadras e testeiras, e tamancos de amieiro, ferrados. Chegados aí, nos primórdios do século passado, temos de deixar para trás as vivências citadinas e mergulharmo-nos na ruralidade pura e dura como Aquilino a descreveu.
Loio, um diabrete que trepava ao mostageiro para se abarbatar de mostajos. O sr. Saraiva, dono da árvore, é que não estava pelos ajustes e ao saber quem tinha sido o larápio, exclama:
“os pais eram filhos das tristes ervas. Tinham de seu a sombra das paredes e viviam de esquentar o forno. Por cada cozedura fornecendo a lenha, recebiam um pão do tabuleiro. Era quanto bastava para morrerem hécticos, se a par da bola fresca não viesse a giga das batatas, o migalho do unto, a tigela de carrapatos”.
“tigela de carrapatos”, socorri-me do GOOGLE, e nada. Percorri na NET o glossário sucinto para melhor compreender Aquilino e nicles.
Fui-me deitar e enquanto Morfeu não vinha ao meu encontro, uma luz me iluminou: eh, já sei. E adormeci pacificamente!...
Ant.Gonç.(antonio)