Pela ruralidade - CLXXXI(No Senhor dos Enfermos)
A tradição ainda é o que era, na festa anual do Senhor dos Enfermos em Macieira, Fornelos, Cinfães.
Em dia de festa na aldeia, deita-se ao forno. Ele que estava há um ano inactivo portou-se lindamente para a função com que foi criado.
Tarefas distribuídas, a mim tocou-me o assado no forno de nove quilos de rês. Só não pus na cabeça barrete alto branco, porque nas tradições rurais não há cá essas mordomias. Durante cerca de duas horas foi um meter de achas para o forno para que ficasse ao rubro. Depois a carne devidamente preparada com os condimentos caseiros, foi metida em tabuleiros com batatas, bem como um alguidar com arroz (o tal arroz do forno muito badalado). Quem não está suficientemente preparado, foi o meu caso, fui à vizinha tirar dúvidas. Depois de estar o forno bem quente (apalpa-se as aduelas), quanto tempo demora a assadura, Dulce? Três quartos de hora mais ou menos, depois abre-se a porta anteriormente tapada, vira-se a carne para novamente se tapar o forno durante mais cerca de um quarto de hora. Dito e feito, no final tudo saiu nos trinques.
Estava a porta do forno ainda tapada quando foi chegando a família mais chegada. Éramos à mesa seis adultos e duas crianças, que não se fizeram rogados. Quando as travessas chegaram à mesa, foi um arregaçar de mangas, pois a coisa prometia. Uhá!...
Como nota recordativa, estamos a falar em tradições, ainda pensei tapar a porta com bosta. Pensei, mas não concretizei como se compreende, e até já não há vacas por perto!...
Ant.Gonç.(antonio)