Olhar o Porto - CCXI(A Páscoa no Porto)
As freiras de Santa Clara,
Quando vão rezar ao coro,
Dizem umas para as outras
Quem dera ter um namoro.
Por estas quadras do cancioneiro de César das Neves, podemos aferir que nem sempre o voto de castidade (físico e mental, digo eu) que as freiras formulavam quando entravam nos conventos, foram levados à letra. Camilo Castelo Branco morreu-se de amores por uma freira do convento de S. Bento de Avé Maria. Segundo o historiador Germano Silva, e orientador de mais uma jornada sobre as coisas do Porto, a Páscoa era a festa mais importante da cidade, suplantando-se à do Natal. Imponentes procissões faziam-se, destacando-se a que ia da igreja de Santa Clara até S. João Novo. Segundo o historiador até com as manifestações da célebre revolta dos taberneiros no tempo do Marquês de Pombal, séc. XVIII, descrita por Arnaldo Gama no seu livro “um motim há 100 anos”, eram desmobilizadas para que todos se incorporassem nas procissões. Estamos a falar duma época em que a religiosidade dos portuenses era muito acentuada. As inúmeras igrejas e mosteiros são sinais desse fervor religioso. Só na baixa do burgo a curta distância havia o mosteiro de S. Bento de Avé Maria onde agora está a estação de S. Bento, o convento dos Congregados e o convento dos Loios. É sabido que eram polos dinamizadores da cidade pois empregavam muita gente nas terras que lhes estavam afectas. O rancho folclórico do Porto como já vem sendo habitual acompanhou esta visita, que começou na igreja de Santa Clara, depois rua das Flores, igreja da Misericórdia, S. João Novo e igreja de S. Francisco junto à praça do Infante, apresentando canções alusivas à quadra pascal. O seu presidente, António Fernandes, também um batente de conhecimentos da cidade, falou também da Páscoa no Porto.
(Na imagem parte final da visita na Praça do Infante com actuação do Rancho Folclórico do Porto)
Ant.Gonç. (antonio)