Pela ruralidade - CLXXVII(Das minhas memórias)
Antes
Depois
Nas imagens que acompanham este post podemos ver o antes e depois na envolvência da capela do Senhor dos Enfermos em Macieira, Fornelos, Cinfães.
O secular sobro foi expectador de várias gerações. Viu-me nascer, a meu pai e a meu avô, que não conheci. Visionador de camponeses que com roupa domingueira iam à santa missa, como diziam; noivos que ali deram juras de amor para sempre; Cumpridores de promessas à volta da capela (num passado não muito distante crentes com a vaquinha pela sôga); outros ainda que ali passavam deitados no esquife até à última morada; e ainda foliões que na festividade do Senhor dos Enfermos mandavam abaixo umas canecas de tinto morangueiro, ficavam descontrolados e às tantas por todo o arraial cabeças rachadas eram mais que muitas, chapéus a esvoaçar e marmeleiros no ar, pancadaria de criar bicho . Sobreiro guardador destas e muitas outras memórias. No meu tempo da escola, que ficava ali a dois passos, durante o recreio que era na via pública, subi muitas vezes o secular sobro até ao ponto onde abriam as fortes ramificações.
Agora caíu por terra esta secular, majestosa árvore, a sua morte vinha sendo anunciada. Tal como o escritor portuense Helder Pacheco, que pela mão do seu avô passava pelo florido jacarandá que existiu no Largo do Viriato,Porto, ficou triste com o seu finamento, também eu senti o desaparecimento deste frondoso sobreiro.
Nos humanos as gerações devem ser perpetuadas, assim também penso que no mesmo local deve ser plantado um novo sobro para no futuro ser também um arauto de memórias.
Ant.Gonç.(antonio)