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Magistério6971

Os autores deste jornal virtual apresentam a todos os visitantes os seus mais cordiais cumprimentos. Será bem-vindo quem vier por bem.

Magistério6971

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Pela ruralidade - CLXVI(Numa terra pluriracial)

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Portugal quando ainda tinha as chamadas oficialmente províncias ultramarinas, sempre fez bandeira de ser um país pluriracial. Na verdade não havia separação entre brancos e pretos como acontecia noutros países de África. Podemos no entanto dizer que a igualdade entre raças não era em plenitude, mas isso não é digno de nota, pois entre indivíduos da mesma raça há diferenças sociais mais que muitas. Digo isto com algum conhecimento, pois quando cheguei a Angola em comissão de serviço militar, verifiquei que os trabalhos menores eram destinados aos pretos.

Posto isto quero também referir a pluriracial ovina que me apercebi na terra das minhas raízes, como gosto de dizer. Uma sã convivência de samarras brancas com anhos filhotes pretos que pastam diariamente no campo do Sorrêgo, limites de Macieira de Fornelos. Noutros tempos, com uma pontinha de racismo assolapado poder-se-ia ouvir: Eh lá, descendência preta e mães brancas!... Hoje está tudo mais democratizado a este nível, já não há espantos de gente inculta. A curiosidade aguça o engenho e então fui puxar o fio à meada para me informar da ascendência genética dos borregos pretos. Pronto, lá está, pai preto e mãe branca poderia dar filhote mulato, mas saíram mesmo pretinhos que fazem a alegria do meu neto quando o levei a ver os ditos, satisfeitos com a vida que têm, aos pinotes.

 

     (a imagem será aqui estampada quando o computador deixar)

 

  (antonio)

A noite mais longa

Hoje, dia 23 de Junho de 2015, poderá haver outras efemérides para comemorar mas esta, pelo menos, penso que é digna de ficar registada. Hoje é véspera do Dia de São João. Hoje é a noite mais longa de muitos municípios mas no Porto, enfim, no Porto é que é. (Deixem-me lá puxar a brasa para a minha sardinha.)

Quero dedicar a todos esta simples quadra:

Do fundo do coração
A todos vou desejar
Que tenham bom São João
E alegria sem parar.

Saudações tripeiras do Francisco.

DIA DE SÃO JOÃO

MANJERICO

 

BALÃO DE S.JOÃO

 

Pela ruralidade, na urbe - CLXV(Taramela na China)

Ia eu marginal fora: Freixo – Ribeira a penantes, faço isso a miúde. Agora até dá para fazer umas gincanas labirínticas por entre as obras que estão a fazer entre a ponte Maria Pia e ponte Luís I. Com o trânsito meio cortado, máquinas aos molhos, e os varandins já quase prontos.

Mas eu quero referir-me à vinda da ruralidade à cidade. Como assim perguntará quem se der ao trabalho de perder tempo a ler estas trivialidades. Como quem não quer a coisa lá ia eu divagando o meu olhar por um ou outro pescador numa seca; no rio barcos rafeiros sofrem umas sapatadas pela ondulação dum barco a sério, certamente cheio de americanos de terceira idade cheios de pastel, que irão até ao Alto Douro; nas sapatas dos pilares da ponte do Freixo já não se vêm chusmas de corvos marinhos, pisgaram-se, virão no próximo Outono.

Bem, nesta observação da natureza, eis senão quando me apercebo, tal como na terra dos meus amores, oiço uma taramela. Fui apurando o ouvido e logo ali a dois passos da marginal, na quinta da China lá estava ela em cima duma cerejeira maior, outras havia mais pequenas. E aqui regressei ao meu tempo de rapazinho, lá na aldeia a fazer e montar a taramela com a ajuda de algum compincha da minha igualha. Naquela altura a sonoridade da engenhoca era tirada de um penico de esmalte, já fora de circulação. Ter a taramela mais cantadeira que se ouvisse noite e dia, à distância, era a vaidade da rapaziada. E a passarada já não surripiava as cerejas? Pois sim… Os melros até cantavam de galo com os seus chilreios de papo cheio!

Agora à distância interrogo-me se a taramela era mesmo para espantar a passarada. Penso que era antes um hobby ancestral da rapaziada que gostava de ouvir o matraquear dos badalos no penico, eufemisticamente referido nos dias da modernidade de bacio, pote ou ainda mais snob, vaso de noite: tran, tran, tran…

 

  Ant.Gonç.(antonio)

Noticia de última hora

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Sua Exa. Ruca, o grego, encontra-se presentemente, como se pode observar na selfie, a desfrutar umas merecidas férias, numa ilha paradisíaca lá para as bandas das terras Helénicas. Com todos os impostos pagos atempadamente (IMI, IRS, IUC, TSU, IVA e IRC), a tranquilidade da sua consciência é um exemplo para muitos e tantos outros. O seu regresso só estará previsto quando se vir grego, o que provavelmente será para breve, devido ao panorama sombrio que paira no ar. A tão ilustre personagem, um bom regresso e as maiores felicidades.

 

Benilde.

Pela ruralidade - CLXIV(Cobra no bico)

 

Ó senhor …. , olhe um milhafre com uma cobra no bico ao dependuro, disse-me o Artur que andava comigo a sacar ladrões que estavam a tirar força aos enxertos de castanheiros que tinham sido feitos em Março. Os garfos tinham tido bom pegamento, os pâmpanos estão em boa desenvoltura. Em voos circulares bem lá nas alturas a ave embandeirava com o réptil até desaparecer na colina de eucaliptal. Lá na terra é bem sabido o apuramento da vista telescópica destas aves, em voo picado e rápido agarram um ou outro pinto, quando a mãe galinha ouriçada topa, já é tarde. Caçador, pescador, necrófago são atributos desta ave de rapina, protegida pelas leis do ambiente mas não muito querida pelos rurais devido à roubalheira dos jovens galináceos como atrás referi. Se há pilha galinhas, o carniceiro é um pilha pintos. Os cinegéticos também não morrem de amores por este predador, que surripia os caçapos e mesmo perdigotos de perna leve e até alguma zorra encatrapiada.

 

Bento da Cruz, escritor barrosão, no seu livro “Planalto de Gostofrio” elege as aves em várias escalas.

“ De sangue real: águias, (onde se encaixa o milhafre), condores, gaviões, patos bravos, garças, perdizes, pardas, parpalhoses;

às de brasão: pombos selvagens, gaios, rolas, tordos, picanços, melros, estorninhos, poupas, narcejas;

à plebe: calhandras, chascos, tentilhões, cotovias, azureiras, cascarrolhos, toutinegras, piscos, folechas, carriças;

às jograis: rouxinóis, canários, pintassilgos;

às de má reputação: mochos, bufos, corujas, corvos, pegas, cucos;

às mendicantes: pardais, pássaros da navinha, lavandeiras;

Outros muitos pássaros e passarecos de que nunca tive na ficha o nome de letra e acento correcto, mas que bastando observar-lhes o voo, o canto, o poleiro, para os inscrever certos no género e espécie de usos e costumes.”

Bento da Cruz tal como Aquilino Ribeiro, escritores do mundo rural, nas suas obras deixaram-nos saberes, das aves, da caça e da pesca. Manuel de Lima Bastos, um estudioso do escritor beirão numa das suas últimas obras “Mestre Aquilino, a caça e uma gaita que assobia”.

 

  Ant.Gonç.(antonio)

 

Pela ruralidade - CLXIII(Do passado)

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Falar nas transformações no modo de viver, que se deram na nossa geração, é daquelas coisas que nos deixam estáticos perante o antes e o depois. Durante centenas de anos as rotinas sobrepuseram-se. Esse ciclo fechou-se sobretudo a partir da segunda metade do século XX e agora é altura de preservarmos as memórias dos usos e costumes dos nossos que para trás ficaram.

O salto foi a todos os níveis mas aqui quero apenas referir-me ao meio rural. A nossa entrada para a comunidade europeia foi a machadada que acelerou a alteração do interior rural do nosso país. Se foi para melhor ou para pior, ainda hoje as opiniões dividem-se, mas uma coisa parece certa, não foram salvaguardadas especificidades na nossa agricultura/pescas.

Na imagem, entre outras memórias, cangas e um jugo. As primeiras eram assentes nas molhelhas, estas eram colocadas em cima da cabeça dos animais entre as galhaduras, por sua vez todo o conjunto era apertado com as apeaças. (Na minha região dão o nome de “acha” à canga. Das minhas pesquisas na NET não cheguei a conclusões, no entanto encontrei “acha”, arma de guerra medieval que tinha duas meias luas, tal como tem a canga, daí o nome dado à canga?) Quanto ao jugo era mais utilizado no cachaço dos bois. Na minha região e em toda a zona montemurenha o trabalho era feito sobretudo com as vacas, daí a designação de "carro das vacas".

 

  Ant.Gonç.(antonio)