Pela ruralidade - CXLV (O carrousel SEPOL)
As memórias de infância vêm sempre à tona quando paramos e olhamos para trás. A romaria que se realiza anualmente no dia de Pentecostes, hoje, Senhor dos Enfermos, em Macieira – Fornelos, Cinfães desde sempre teve notada pelos concelhos vizinhos.
No tempo em que as vias de comunicação eram os caminhos para carros de vacas, não havia televisão e os automóveis eram uma raridade, ir à festa era um acontecimento preparado e falado com antecedência. Se uns faziam o percurso a cavalo outros, e seria a maioria vinham a penantes de longe, madrugada alta, geralmente eles com o garrafão de palhinha a galeto ou a borracha a tiracolo e elas com a condessa à cabeça que se iam revezando, com mantimentos bastantes. Depois de fazerem a romaria (entenda-se, cumprir a promessa ao senhor dos enfermos) , no fim da missa campal alapavam-se pelos arrabaldes do arraial debaixo de algum pinheiro mais coposo, estendiam uma toalha e era um ver se te avias no comes e bebes.
Bem, mas eu quero falar do icon que fazia as delícias do meu sentir de petiz. Era o carrossel SEPOL que tinha chegado antes do dia da festa para ser montado. Era circular com ondulações de subidas e descidas, bancos corridos e individuais giratórios, cavalos, póneis, girafas e outras simulações faunísticas. Fazia as delícias da ganapada e até dos campónios que só tinham visto, se é que tinham, o comboio da linha do Douro andar sobre carris. Quando deixei a primária ou pouco depois, nesta festa começaram a aparecer as pistas de automóveis e então era o climax para os serranos que ficavam inchados cheios de nove horas de poderem conduzir um automóvel.
Na actualidade todo o tipo de divertimentos estão ali, dão um caracter cosmopolita a uma romaria que foi eminentemente rural.
Ant. Gonç. (antonio)