"...Quem viveu muito acima das suas possibilidades nas últimas décadas foi a classe política e os muitos que se alimentaram da enorme manjedoura que é o orçamento do estado. A administração central e local enxameou-se de milhares de "boys", criaram-se institutos inúteis, fundações fraudulentas e empresas municipais fantasma. A este regabofe juntou-se uma epidemia fatal que é a corrupção. Os exemplos sucederam-se. A Expo 98 transformou uma zona degradada numa nova cidade, gerou mais-valias urbanísticas milionárias, mas no final deu prejuízo. Foi ainda o Euro 2004, e a compra dos submarinos, com pagamento de luvas e corrupção provada, mas só na Alemanha. E foram as vigarices de Isaltino Morais. A que se juntam os casos de Duarte Lima, do BPN e do BPP, as parcerias público-privadas 16 e mais um rol interminável de crimes que depauperaram o erário público. Todos estes negócios e privilégios concedidos a um polvo que, com os seus tentáculos, se alimenta do dinheiro do povo têm responsáveis conhecidos. E têm como consequência os sacrifícios por que hoje passamos..."
(extrato que recebi de um e-mail)
PS: É sabido como os políticos fazem as leis com alçapões. O caso dos autarcas reformados terem direito ao subsídio de reintegração não dá para perceber. Ver:
Manhã fresca, ainda o catedrático, que não andou na Universidade, (eh, não confundir com relvices!...), não tinha chegado, ver imagem, e já a multidão se acotovelava no jardim de S. Lázaro, mandado construir por D. Pedro IV, junto ao coreto. Era aí o ponto de encontro e de saída para mais uma visita à cidade, orientada como sempre pelo veterano Germano Silva, desta vez como lema – caminhar nas varandas sobre o Douro.
Rua de S. Vitor e eis-nos no Largo Padre Baltazar Guedes, lado poente da entrada do cemitério Prado do Repouso. Aqui para dizer que os restos mortais do grande Francisco Almada Mendonça que estavam na igreja da Misericórdia, Rua das Flores, vieram para o Prado do Repouso em grande cortejo para assim quebrar a relutância dos que só queriam os enterramentos nas igrejas e não nos cemitérios ao ar livre.
Sempre com motivos históricos floreados com buchas humorísticas, são uma das razões destes passeios terem participantes mais que muitos. Alameda das Fontainhas, miradouro de excelência da burguesia do século XIX, obra do já referido Francisco Almada e Mendonça que alargou a cidade para fora das muralhas Fernandinas. Sempre com o Douro à vista seguimos pelo Passeio das Fontainhas e chegamos ao local onde actualmente existe o viaduto Raúl Dória vulgo Duque de Loulé, junto à Rua do Sol. Aqui o mestre falou na existência do palacete do conde Samodães onde funcionou a Escola Oliveira Martins frequentada por Germano Silva, que segundo as suas palavras que há dias apanhei no Porto Canal era uma autêntica universidade, onde havia um alfobre de bons mestres. Do palacete e jardins já só existem umas reles ruinas pois nem sequer está acautelado, eventualmente ajardinado, o que restou da passagem do viaduto e do parque de estacionamento que existe debaixo do mesmo.
Largo Primeiro de Dezembro e descemos as Escadas do Codeçal em direcção à praça da Ribeira e daí até ao Largo do Terreirinho. Aqui mais umas dicas de história, era o local de embarque e desembarque de mercadorias até porque ali havia a alfândega, actualmente Casa do Infante. Era também neste local que embarcavam para o Brasil os emigrantes nos veleiros. De terra os familiares, sabendo a distância do longínquo Brasil e dos perigos na navegação acenavam com “um adeus até à eternidade”.
O passeio à cidade, sempre acompanhado pelo rancho folclórico do Porto, ainda continuou até à praça do Infante mas como a hora já ia adiantada optei por me ausentar, estava na hora de ir colocar os pés debaixo da mesa.
Amarante será palco do nosso encontro de curso em 2014. Doravante, todos os eventos que se realizam em Amarante têm, para mim, um interesse redobrado. Tal como este.
Portugal acaba de conquistar a sua presença na fase final do Campeonato Mundial de Futebol de 2014. Este dia 19 de Novembro de 2014 é capaz de ficar na História de Portugal. Pelo menos na História dos portugueses fica, sem dúvida nenhuma. E estou a falar daqueles portugueses que entram nos estabelecimentos comerciais, com cara de crise, por causa da falta de emprego, da falta de dinheiro, enfim, por causa da austeridade. Esses portugueses dificilmente se conseguem alegrar por vontade própria. Esses mesmos portugueses dificilmente se conseguem alegrar com umas piadas ou com umas anedotas do comerciante que está do outro lado do balcão. Todavia, quando a selecção de futebol do seu país consegue, no último jogo, mostrar ao mundo do que é capaz, aí sim, os portugueses transcendem-se. E acreditam que ainda vale a pena ser português. E aí os portugueses alegram-se mais do que quando ouvem um representante do governo dizer que chegou o milagre económico, que a retoma está aí a chegar e que melhores dias virão.
Amigos de longa data com esporádicos encontros que são sempre acentuados com um programa à maneira, um almoço na zona histórica do Porto. Umas tripas, prato típico, pois claro, que não necessita de apresentações, desfrutado só nestes casos, diz-se que não é benéfico para travar o colesterol, mas uma vez não é vez.
Fomos então, eu e o meu amigalhaço, à rua da Madeira, que foi outrora Calçada da Teresa, mesmo ali à ilharga da centenária estação de S. Bento. É uma rua que vence um desnível acentuado entre a Praça Almeida Garrett e sobe numa íngreme escadaria ao chegar à Praça da Batalha. O Porto histórico ainda mantém o nome de ruas referentes a espécies arbóreas que aí existiram, entre elas além da já referida rua da Madeira, cujo nome deriva de ali se ter realizado uma feira da madeira, rua do Souto, ou outras já desaparecidas como Campo do Olival, Rua do Laranjal, praça nova das Hortas ou nome de ruas onde existiram artes oficinais como rua da Bainharia, rua dos Pelames, rua dos Caldeireiros que manteve até à pouco essa arte. Já por aqui falei num post da sonoridade do bater nas caldeiras de latão e cobre que me entravam nos tímpanos quando por lá vagueava. Ainda hoje ao subir a rua recordo do meu subconsciente o matraquear, identifico as portas oficinais cerradas, o silêncio é perturbador.
Um parênteses para dizer que foi por este local que hoje é a rua da Madeira, onde passava um pano da muralha Fernandina, destruído no século XVIII para alargamento da cidade, conforme empreendedorismo de João de Almada e Melo, tarefa que lhe foi destinada pelo Marquês de Pombal. Embora seja uma rua do centro da cidade está um pouco esquecida devido à sua configuração e de estar de costas voltadas para a Baixa. Não tem comércio, apenas uma franja de casas de restauração junto à Praça Almeida Garrett a despertam da vil tristeza.
Adega “Viseu no Porto”, ostenta na frontaria, nome da casa de pasto (eh, este nome está em desuso), ou manjedoura como se diz no bas fond da cidade, foi o local escolhido por minha sugestão, ambiente agradável, clientela polida, serviço eficiente e já agora acessível a qualquer bolsa. Durante o comes há que pôr a escrita em dia, fomos revendo situações passadas, algumas arrumadas nas prateleiras mentais, que foram saltando cá para fora, aquele amigo que já partiu ou um outro de quem se lhe perdeu o rasto.
Uma infusa de maduro tinto ajudou a deglutir o saboroso prato típico portuense. Após um café há que solicitar à simpática empregada o montante da despesa. Contas à moda do Porto, que afinal caíram por terra, foi assim que me dirigi ao meu amigo que entretanto tinha açambarcado o tiket estendendo o braço, ele é fisicamente avantajado.
- Hoje pago eu, disse-me, pagas na próxima.
Reagi mas verguei-me à sugestão pois assim ficamos comprometidos para um almoço por alturas do Natal, e aí será a minha vez de me chegar à frente.
Faleceu a nossa colega Maria Fernanda de Carvalho Barros Monteiro Vieira. Acabei de receber a triste notícia pela nossa colega Maria dos Remédios Silva. A todos os seus familiares, os colegas do curso de 1969/71 da Escola do Magistério Primário do Porto, querem, nesta hora de dor, apresentar as suas mais sentidas condolências. PAZ À SUA ALMA.
Ele aqui está. O rei das desfolhadas. Tão pretendido, tão desejado!
Entre tantas fulvas espigas o aparecimento de uma encarnada era uma exultação, isso… se a pessoa não sofresse de protanopia.
A tradição ditava que, quem achasse um milho-rei, tinha o direito de distribuir umas beijocas e uns abraços a todos os participantes das desfolhadas. Era o pretexto tão esperado para os rapazes roubarem um beijinho mais repenicado à sua conversada, mesmo nas ventas dos pais mais conservadores. Era uma forma de os enliçar.
Os mais manhosos já as traziam de casa enlocadas e, no momento oportuno, faziam-nas ressuscitar, exigindo os mesmos direitos. Quando descobertos dava para o torto.
Ontem, numa pequena desfolhada em casa de uma prima, fui bafejada pela sorte com este belo exemplar. Claro, que era meu dever cumprir com a tradição, o que não foi nada complicado, pois neste evento só estavam presentes a minha pequena pessoa e ela. Após o ritual pusemos uma canta a duas vozes.
Terminado o trabalho, mançupimos uns figuitos e, como nenhuma de nós padecia de enofobia, acompanhamos os sicónios com um Porto bem encorpado e muita atitude.
A cidade do Porto está, cada vez mais, nas bocas do mundo. É um facto que enche de orgulho os tripeiros e não só. E aqui está uma prova do que acabo de escrever.