Há dias o JN ia criando um berbicacho quando em grandes parangonas na primeira página falava no buraco da ministra. Não dei importância ao assunto, nem me interessei saber a que ministra se referia. Estas coisas suscitam sempre dualidades de interpretações ao estilo das canções de Quim Barreiros.
O povo está descontente com o governo e até pêpêdistas lhe cortam na casaca . Nem todos os ministros são exemplo de vida, mas há um (uma) que é – a ministra da agricultura e mar. Numa altura em que o envelhecimento do país é um dado adquirido, nos casais a natalidade não vai além de um e pico filhos, a ministra dá um forte contributo para as estatísticas não irem tanto ao fundo, vai no quarto filho (o parlapatá Marcelo Rebelo de Sousa ontem na sua aparição dominical na TVI ia a 100 à hora, dizendo que era o quinto filho, mas foi corrigido por Judite de Sousa).
Resta-me desejar à ministra felicidades para a criação e já agora para o seu desempenho no ministério.
Ao ler no JN a anunciação do passeio à cidade com a designação supra citada, despertou-me o interesse pois iríamos por locais que mais ou menos conheço se bem que pela rama.
O habitual orientador do grupo, o historiador Germano Silva, octogenário que mais parece um sexagenário em boa forma, fez-nos chegar à aldeia de Noeda, um local ainda hoje com resquícios da ruralidade de outra época. Pela rua do Freixo abaixo, foi um ver se te avias, passamos a circunvalação e entramos nas aldeias de Azevedo e Tirares. Entretanto o grupo folclórico do Porto, acompanhante habitual, foi-nos dando canções do seu vasto reportório. E o historiador com o seu ar sempre bem disposto ia debitando história por onde íamos passando, com umas buchas humorísticas sempre a pender para o malandreco.
Capela de S. Pedro, principal local de culto da zona de Azevedo. Mais à frente vamos subir a um monte, ameaçava Germano Silva. Lá estava então a capela do Senhor do Calvário mais conhecida por capela do Forte, numa colina, por aí se ter instalado uma bateria das tropas miguelistas a quando do cêrco do Porto, 1832-1833. A partir daqui o grupo direccionou-se para a Rua de Bonjoia onde havia certamente mais informação, mas como a hora já ia adiantada, dei meia volta e acabei a visita. É sempre o eterno problema destes passeios, começam demasiado tarde para acabar a horas tardias.
(antonio)
(Na imagem, ponto de partida, junto à estação de Campanhã)
Em primeiro lugar, muitos parabéns a Germano Silva, pela conquista deste prémio. Diga-se, em abono da verdade, que este prémio é devido e está muito bem atribuído. Em seguida, sinto-me particularmente honrado por ter tido o prazer e o privilégio, assim mesmo por esta ordem, de ter acompanhado ao longo de alguns anos os passeios, digo, as visitas de estudo à cidade do Porto, ciceronados por Germano Silva. Costumo dizer que só não sabe mais do Porto quem não quer. Por fim, não podia deixar de registar aqui a minha singela homenagem e agradecimento a Germano Silva. Deus lhe dê muita saúde.
O nosso colega António Gonçalves publicou aqui ontem, 21 de Julho, uma notável crónica, das muitas que escreve subordinadas ao tema «Pela ruralidade». Li-a com atenção, como sempre faço, e ao ler «preguiceiro» tive a sensação de ser o escabelo, ou o banco onde eu ontem estive sentado, a jantar, em casa de uma tia materna, no lugar de Cabeçais, freguesia de Fermedo, concelho de Arouca, distrito de Aveiro. E que saudades eu tenho de ouvir o meu avô materno contar-me histórias da 1.ª grande guerra mundial, sentados num outro escabelo ou preguiceiro. Aqui deixo ficar a fonte a que recorri:
Em Macieira de Fornelos, Cinfães, podia-se não ter podengo, quase sempre se tinha, mas o felino esse era imprescindível, fazia parte da casa.
O primeiro era o guardador da casa de lavoura e também o companheiro inseparável do lavrador quando ia para o campo e sobretudo para o monte guardar o gado. Como recompensa era-lhe dado num covilhete avantajado já esbotenado, fora de uso humano, caldo de couve galega com batata rambana, uns nacos de côdea de boroa e um pedacito de toucinho da última matança do reco. E quando por lá aparecia a navegar um osso depenado de carne, chamava-lhe um figo, tirava-o para fora e rilhava-o até ao tutano.
Quanto ao miau, tinha carta branca para entrar e sair da casa, (veja-se na imagem a porta da cozinha) quer de noite quer de dia, sempre à hora que quisesse. Era um exímio lutador na caça aos ratos, pois as casas de lavoura eram propícias a estes roedores. O filho dum gaio quase que se auto sustentava na sua actividade venatória, mas não enjeitava de quando em vez, quando o sardinheiro aparecia com a canastra às costas enfiada num pau de asa a asa, uma sardinha moída que lhe era atirada com bonomia. Era inteiro, leia-se não capado, caseiro como era, pregou um susto desgostoso aos donos quando certa vez, por alturas de Fevereiro, deu de frosques, soube-se mais tarde que foi à gatice durante uma semana, quando voltou vinha esgalgado, feito num oito. Mas em poucos dias recuperou com os mimos dos donos e na caça aos roedores que tinham aproveitado a ausência do depredador para fazerem um assalto à caixa do milho, entrando por uma nesga que tinham minado na madeira velhíssima de castanho. Nas noites frias de Inverno era mais molengão, passava horas enroscado junto à lareira apanhando o quente e não poucas vezes trazia o corpo manchado com pelo queimado. Mas aqui poder-se-á dizer que fazia companhia ao casal de lavradores sentados no preguiceiro afogueando-se, esgravelhando os trabalhos agrícolas para o dia seguinte, os filhos já tinham ido para a enxerga ao sol posto.
A CMP parece não se dar bem com o IGESPAR, nova designação do IPPAR. (Andam sempre a mudar o nome dos organismos, já pensaram nos vários nomes do ministério da educação?). Há costas voltadas o que não é nada bom para a cidade.
No passado foi o túnel de Ceuta que esteve parado durante muitos meses pois a CMP viu-se em apuros para a sua finalização que desembocava junto ao museu Soares dos Reis, daí o imbróglio.
Depois foi a transferência da estátua do “Porto”. A meu ver, bem, mas mais uma vez a câmara não tomou o parecer do IGESPAR. Estava de castigo na Sé a olhar para uma parede, foi trnasferido para a praça da Liberdade, rodeado de turistas, a dois passos onde inicialmente esteve a encimar a antiga câmara.
Agora são as célebres esplanadas apalancadas, fixas na Praça Parada Leitão, aos Leões. Mais uma vez a câmara meteu a pata na poça. Agora vão abaixo, pois claro, devido a imposição do IGESPAR. Estou de acordo.
E chegados aqui interrogo-me, na CMP ninguém vai ser responsabilizado?
Então se um munícipe faz um anexo sem autorização da câmara leva logo por tabela!...
Diz-se que o presidente da câmara do Porto é de contas direitas, mas pelos vistos também mete o pé na argola.
Quem sai deste rectângulo à beira mar plantado e entra em países da chamada europa central ou mais a norte, fica entusiasmado com a educação a todos os níveis que esses povos emanam. Mas se vamos para sul, países do norte de África ou mais abaixo, então esses ainda são piores do que nós, no deita para o chão, falamos de lixo.
Hoje presenciei do princípio ao fim uma limpeza no final da feira, nomeadamente na Afurada. A feira tinha sido de manhã e então em todo o terreiro ficou uma plantação de papelada, plásticos e afins, próprio de um país do terceiro mundo. Veio pessoal com sopradores e um camião vassoura que andou por ali tempo demasiado em voltas e mais voltas a aspirar toda aquela lixeira.
Enquanto por ali estive a observar o trabalho foram-me ocorrendo ideias. Então o presidente da CMGaia que se gaba de ter feito obra e tem, digo eu, do que conheço à beira mar, e ainda não se lembrou de no recinto da feira colocar contentores para os feirantes aí colocarem os trastes?!...
E depois pensei, isso certamente não interessa muito, pois a empresa de limpeza tem que ter trabalho. E às tantas interrogo-me: quem estará à frente dessa empresa? Como foi criada? E com que fim específico?
E quanto às lixeiras, no fim de feira, são extensivas a todas as que há por aí.
Hoje no JN. Ainda se mata à sacholada por causa de um rego de água!... Mas no sábado também houve uma morte só pelo facto banal de se ter estacionado o carro numa rampa de uma moradia, na Avenida dos Combatentes.
Outro desenvolvimento no JN é aquela situação, incompreensível aos olhos de qualquer pessoa de bem, dos avós paternos não poderem ver a neta, filha de uma juíza e do falecido pai morto na Mamarrosa pelo pai da dita juíza, já condenado. Vive-se num país de gente sacana com indiferença à dor que provocam. Então o tribunal decidiu que a mãe devia levar a menina ver os avós paternos mas na presença de um psicólogo. Só que a segurança social ainda não nomeou psicólogo e a coisa vai-se arrastando há meses, sem que ninguém ponha cobro a isto.
Agora dobrando o jornal e arrumando-o a um canto, fui até à Baixa. Os dias têm estado em brasa e até o Porto tornou-se uma Amareleja alentejana, mas isso não impediu que num sábado escaldante 1500 fervorosos adeptos comparecessem no pavilhão multiusos de Gondomar a apoiar o candidato Fernando Paulo, delfim umbilical de Valentim Loureiro também ali presente. Como hoje estava melhor, fui tomar ar citadino. Passo na praça da Liberdade e Avenida dos Aliados e vejo lá uma azáfama na montagem de estruturas que me deixaram em pulgas até à descoberta. À falta de uma indicação a informar o que dali sairia, passo junto ao Imperial e vejo num portal uma senhora a vender vasos com plantas. Abordei-me e perguntei-lhe para que era aquilo. Tive logo uma resposta que me deixou informado.
- “Olhe, o Rui Rio viu-se apertado por aqueles que diziam que foi uma vergonha não ter feito a feira do livro, mas que para as corridas dos bólides na Boavista houve dinheiro. Então o homem que se vai embora, eu sou Meneses, e que tem dinheiro na câmara, repensou e mandou que se fizesse a feira das letras de 12 a 28 de Julho”.
Se foi assim ou com mais ou menos molho, não sei. Mas já nos habituamos a ver os políticos dar um passo à frente e outro atrás. Passos e Portas neste aspecto dão cartas.