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Magistério6971

Os autores deste jornal virtual apresentam a todos os visitantes os seus mais cordiais cumprimentos. Será bem-vindo quem vier por bem.

Magistério6971

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Olhar o Porto - CLXVI(As feiras antigas)

Segundo Germano Silva, “o ferrador tinha uma mulher boa comó milho e andava um frade a catrapisca-la”. O ferrador não estava a gostar da brincadeira e daí disse ao guloso frade: “frade, fradinho, põe-te a pau, toma cuidadinho que andas a beber do meu vinho”.

Sempre que vou a estes passeios culturais à cidade, estórias de frades gulosos é um fartote. Veio-me agora à mente uma outra que se passou na ilha do frade (pequeno ilhéu que fica no rio Douro, limites de Lordelo, junto à foz da ribeira da Granja).

Esta estória do ferrador passou-se no Largo dos ferradores, actual praça Carlos Alberto. Local paradigmático, era a saída da cidade murada através da porta do Olival, em direcção a Braga, Guimarães e Santiago de Compostela. No século XVIII havia por ali a feira do gado e no século seguinte era a feira das caixas que os emigrantes levavam para o Brasil com os seus trastes. A feira dos moços de lavoura também se realizou por ali tendo mais tarde passado para a praça da Corujeira. O acordo entre o contratante e o moço era selado com a “cabrita” que era nem mais que uma canecada de verdasco mandada abaixo pelos dois numa das tascas das imediações. Havia também feira dos moços noutras localidades como em Custoias. Era tempo do Portugal agrícola em toda a plenitude.

Todo o tipo de feiras existiram pela cidade que hoje à distância nos fazem sorrir ou talvez não. A feira do pão na praça Guilherme Gomes Fernandes, a feira da farinha e dos cereais na praça Gomes Teixeira, das alfaias agrícolas na Cordoaria, feira da madeira na actual rua com o mesmo nome, feira da palha e da erva na Trindade, feira dos porcos na Praça da Alegria. Todas estas feiras eram em locais, geralmente em pracetas cuja toponímia não era a mesma dos nossos dias. Estou a lembrar-me, a talho de foice, que na feira quinzenal de Nespereira, lá dos meus lados, no espaço para isso destinado havia a feira das vacas, feira dos porcos, feira das ovelhas, feira dos burros, etc.

É sempre interessante ouvir falar dos usos e costumes da cidade do Porto de outros tempos. E quando isso acontece pela batuta do sabedor comunicador Germano Silva, é sempre uma mais valia.

Sugiro uma pesquisa no Google sobre o caceteiro miguelista Pita Bezerra, também abordado pelo historiador.

 

 

    

 

 

 

 

  Ant. Gonç. (antonio)

 

 

Ovelhas tresmalhadas, ou talvez não

Afinal a montanha pariu um rato, digo eu. A pedofilia não existiu muito menos nos clérigos, dizem alguns.

No “EXPRESSO” “vítimas exigem que a Igreja peça desculpa por abusos”. “O arquivamento dos casos denunciados por Catalina Pestana deixou indignadas algumas das vítimas de crimes sexuais”.

Bem, quem não ficou indignado, bem pelo contrário, até se regozijou foi o sr. padre, creio que presidente da Conferência episcopal, pelo arquivamento. Pois, o pastor tem sempre que defender as suas ovelhas, mesmo as tresmalhadas…

Depois do que veio a público sobre comportamentos pouco dignificantes sobre o bispo charmoso, bem falante, hipotético sucessor do cardeal Policarpo era areia demais para a Igreja carrear com mais estes casos sobre os cinco clérigos da diocese de Lisboa, segundo o que apareceu na imprensa.

 

 

  (antonio)

Este 25 de Abril de 2013

Dei por mim a fazer contas de cabeça:

- A revolução do 25 de Abril foi há 39 anos, é muita fruta!...

- Dos capitães de Abril já poucos restam!...

- Metade da população do país já terá nascido após aquela data.

- O povo rejubilou com a revolução, mas passados estes anos está triste e dia a dia amedrontado com a espada da Troika.

- Luz ao fundo do túnel parece que ainda não se enxerga.

Bem, vamos às minhas memórias. Na escola onde trabalhava, uma colega de meia idade mas da velha guarda, querendo com isto dizer que era empenhada com os saberes dos alunos nem que fosse com alguma rigidez. Chegava à escola conduzida num Renault 4 L por um motorista da CMP, o marido era funcionário superior, ligado ao pelouro dos bairros camarários da cidade. Com a revolução do 25 de Abril de 1974 acabou-se essa mordomia à senhora professora enquanto que o marido era atormentado por gente abespinhada dos bairros  que tiveram um aliado de peso, o cantor de intervenção José Mário Branco que era ouvido nas rádios com uma canção inflamada contra o funcionário superior da CMP. O PREC teve destas coisas exageradas, não havia necessidade.

Quis nesta data referir-me a este casal com simpatia recordativa, já não estão cá.

 

 

 

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(antonio)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Olhar o Porto - CLXV(Ainda "O Porto")

As memórias da cidade devem ser escalpelizadas, irmos atrás colher ensinamentos do que melhor foi feito por um lado e por outro rejeitar os casos mais tristes.

Dei comigo a matutar o que a estátua  ”O Porto” tem para nos contar a partir do seu posicionamento original na frontaria dos antigos paços do concelho, onde esteve cerca de 100 anos, de frente para a Praça Nova actual Praça da Liberdade. “O Porto” assistiu às tertúlias literárias e políticas a céu aberto dos nossos maiores escritores, Camilo, Ramalho, Aquilino, Junqueiro entre outros e a todo o corrupio de carros de bois, tipóias, carrejões de calças remendadas presas à cintura por um cordel, tamancos de pau de amieiro, bem ferrados, carquejeiras e canastreiras, morenas de cara marcada pelo rigor do trabalho, descalças com saias compridas repuxadas na cinta, etc. que a partir da Ribeira se dirigiam para os pontos mais distantes da cidade. E assistiu também, “ o Porto” a um dos actos mais tétricos, pois foi ali na citada praça que os esbirros às ordens do rei absolutista D. Miguel enforcaram 12 liberais. As suas cabeças com verdadeiro sadismo inquisitório foram colocadas junto às casas dos familiares. (os nomes desses mártires estão gravados nas laterais do pedestal da estátua equestre de D. Pedro IV, na praça onde foram mortos, actual Praça da Liberdade).

O acto em si de enorme gravidade mas pasme-se a atitude degradante, reprovável dos frades dos conventos que ficavam na envolvência da Praça Nova, o dos Lóios e o dos Congregados. Pois deram vivas a D. Miguel, apoiando os enforcamentos das varandas, levantando taças de vinho do Porto e comendo pão-de-ló em sinal de gáudio. Eram certamente ainda resquícios da mal fadada inquisição. Facções da Igreja têm destas coisas que a vão descredibilizando.

 Ah, mas eu quis falar apenas do nosso “O Porto”!

 

 

  (antonio)

A estátua do «Porto» II

 

Estátua do «Porto»

 

Está o caldo entornado. O Sr. Arquitecto Álvaro Siza Vieira e a Direcção Regional de Cultura do Norte atiram-se à Câmara Municipal do Porto e à decisão de mudar a estátua do «Porto» para a Praça da Liberdade . No que concerne à Direcção Regional de Cultura do Norte, aceito a sua tomada de posição pois se existe é para ser respeitada. Provavelmente, teria de ser ouvida e achada e dar deferimento ao requerimento. No que diz respeito ao Sr. Arquitecto Álvaro Siza Vieira, por muito respeito que tenha pelo seu colega Fernando Távora, acho que tais declarações não lhe ficam nada bem, sabendo o Sr. Arquitecto que a estátua do «Porto» está onde sempre deveria estar, ou seja, a olhar para e pelo edifício da Câmara Municipal do Porto onde nasceu.

Pelo ambiente

Do Freixo a Gramido, aqui no concelho de Gondomar, há um passeio pedonal que fica entre a estrada chamada marginal e o rio Douro. É bastante frequentado principalmente nos fins de semana.

Ontem andei por lá e o que observei? Não vão acreditar, ou talvez acreditem, sabendo-se que estamos num país sem brio profissional, quer no cume da pirâmide com os governantes, quer na base.

Pelo passeio pedonal há diversos pontos de água para saciar os utentes. Pois vi eu um funcionário da CMG, casaca e calças esverdeadas com listas transversais amarelas e cinza, no dorso era bem visível “ambiente”, afinar os pontos de água. Pois seria só isso que lhe mandaram fazer e sendo assim nem mais uma palheira ele afastaria do caminho!... Então um dos pontos de água foi afinado e, pasme-se, mesmo junto ao bico por onde sai a água, um montão de beatas que o funcionário, do ambiente frise-se, não se dignou tirar.

Pois é incrédulo que indivíduos das caminhadas no passeio andem com a chupeta na boca e depois deitem ali as beatas, mas que diabo o funcionário poderia ele ter uma atitude cívica ambiental afastando-as. O brio profissional não é para todos!... E as beatas lá ficaram naquele ponto de água até ver…

 

Nota: hoje fui ao local do crime para registar, como se vê, quartel em Abrantes tudo como dantes...

 

  (antonio)

A estátua do «Porto».

 

Estátua do «Porto»

 

Hoje, 09 de Abril de 2013, tive de ir levar uma encomenda à Rua de Sá da Bandeira, logo ali no início, junto à Igreja dos Congregados. Como tinha de ser de viatura automóvel, desci a Rua de Camões e a Avenida dos Aliados. Qual não é o meu espanto quando, ao passar em frente ao Banco de Portugal, na Praça da Liberdade, a minha atenção foi «perigosamente» desviada por algo de novo que ali estava implantado. Pareceu-me, assim de repente, ser a estátua do «Porto». Confirmo agora aqui no nosso blogue, através da publicação do António, que a minha vista não me enganou. A estátua do «Porto»está, finalmente, onde sempre deveria estar, ou seja, implantada num local e numa

Câmara Municipal do Porto com a estátua do «Porto»

 

posição que revela o local onde nasceu, ou melhor, o local público onde foi primitivamente apresentada: o edifício da Câmara Municipal do Porto que existiu entre a Rua de Sampaio Bruno e a Rua da Fábrica, antes de ser «rasgada» a Avenida dos Aliados. Parabéns, portanto, à autarquia portuense, por tê-la retirado do local onde estava escondida e a ter implantado num local nobre e lógico.

Olhar o Porto - CLXIV("O Porto")

 

 

Há quem se agache a batentes, sumidades, que criaram nome na praça. Eu não embarco na adoração a figuras que se instalaram no pedestal e daí fazem tudo envolvidos numa redoma, incólumes, pela sua posição sobranceira.

Aquela construção moderna chamada “Casa dos 24”, mesmo à ilharga da Sé do Porto, foi obra dum famoso arquitecto já desaparecido, Fernando Távora. Já por aqui falamos noutras alturas que se o risco fosse traçado por um arquitecto não coroado, seria chumbado e até ridicularizado. Mas a cereja em cima do bolo, pelas piores razões, foi a colocação da estátua “o Porto”, que estava nos jardins do Palácio de Cristal, rodeada de verdura, ali de castigo, sem jeito, espetada de costas para a cidade a olhar para uma parede!...

Agora finalmente tiraram-na de sítio tão estranho e foi colocada num local nobre da cidade a dois passos onde esteve inicialmente na frontaria do palacete da antiga câmara do Porto, já desaparecido, que ficava entre a actual Avenida dos Aliados e a Praça da Liberdade.

Alguém me disse certo dia que o arquitecto citado, numa aparente desculpabilização para o visado, tinha sido vereador da CMP e nessa qualidade tinha-se oposto ao arrasamento do bairro da Sé pelos anos quarenta, cinquenta, cito de memória, do século passado.

Mas se ninguém compreendia aquele posicionamento do “Porto”, entendido pelo arquitecto, quero aqui testemunhar também, embora fora do contexto em apreço, as deficiências nas vias rodoviárias na envolvência do Palácio do Freixo, zona que conheço bem, também a cargo do gabinete do famoso arquitecto.

Fico sempre de pé atrás quando se mexe nas estátuas, no passado recente houve mexidas atropeladas, mas neste caso foi na verdade uma mudança que é de apoiar. "O Porto" que da praça nova a encimar o palacete onde funcionou a CMP seguiu para o jardim Arnaldo Gama, mais tarde foi para os jardins do Palácio de Cristal, daí foi para junto do tal edifício da polémica "Casa dos 24" e agora em boa hora regressou a um local nobre da cidade a dois passos de onde inicialmente esteve.

 

  (imagem do "Porto" na sua nova envolvência, devidamente identificada, com a curiosidade natural dos transeuntes)

 

 

  Ant. Gonç. (antonio)

Pela ruralidade - CXXXI(O compasso)

A crónica dominical de Germano Silva no JN sobre a Páscoa de outros tempos no Porto focava tradições que se foram alterando desde a Idade Média. Espevitou-me para dar aqui alguma achega sobre esta quadra festiva.

Lá na terra das minhas raízes, como gosto de dizer, na Páscoa realiza-se o compasso que é sinalizado aqui e acolá por uns foguetórios de fulano ou beltrano que gostam de dar nas vistas. E no tempo dos torna viagens do Brasil era um ver se avias com vaidade à mistura.

Cinco jovens, eh lá três eram femininas! Um a fazer de padre, seria seminarista, penso, o da Cruz, uma da caldeirinha da água benta, a da saca e a da campainha. Pode-se dizer que era um compasso remoçado. E chegando aqui recordo no passado da minha idade de menino e moço, um compasso com madureza, onde havia padre a sério e pasme-se, um dos do compasso era o transportador de uma condessa para receber os ovos, pois que na altura os escudos eram parcos. Como os lugares da freguesia eram dispersos, era um dia de caminhadas, aqui e ali refrescadas por uns quartilhos de verdasco com umas fatias de pão-de-ló, nas casas dos mais abastados, que aceitavam sem regateio. Habituados que estavam a entornar, não davam parte de fracos, se bem que a meio da tarde já andavam com os olhos vidrados, faces rosadas e a falar pelos cotovelos!... E o senhor abade lá ia alinhando na contenda!

A Igreja tem-se aberto às mulheres se bem que a passo de caracol. Lembro que desse tempo de que falo, elas também não eram vistas nos funerais a caminho do cemitério. Na missa, era homens à frente e mulheres atrás e cabeça protegida e outras inferioridades a que a Igreja não foi parca. Mas afinal ainda só há sacerdotes, homens, bem como bispos e papas!...

 

 

  Ant.Gonç. (antonio)