Olhar o Porto - CXXXI ((A Batalha)
Os comentadores de peso já vão agora passados dez anos sobre as obras – Porto 2001, descarregando energias sobre candonguices que foram feitas à cidade numa altura em que ainda havia dinheiro às bateladas, assinadas por arquitectos medalhados. É por isso que não nos devemos admirar também das bocas que mandou a Srª. MerKel sobre o despesismo dos fura montes da Madeira. A Finlândia, onde por lá anda Cavaco Silva com pezinhos de lã, considera-nos um país de malandros e aqui podemos enquadrar as malandragens nas obras do Porto 2001. E os Países Baixos olham-nos de soslaio quando o canalizador que nos fez um serviço nos interroga: quer com ou sem factura, o mesmo é dizer com IVA ou sem?
Passei pela Praça da Batalha e aquilo não dá para entender. O dinheiro que por ali se gastou sem qualquer fim útil. Desde logo, por quanto não teria ficado a mudança da peanha onde está o moço rei D. Pedro V, morreu com apenas 24 anos, meia dúzia de metros para sul, dizendo-se na altura que era para ficar no enfiamento da Rua Augusto Rosa. Há sempre explicações para tudo. Sempre vi as monumentais estátuas no centro duma praça, como esta estava.
E aquele pretenso lago que nunca levou água a não ser a que vem de cima! E assim até os rapazes amantes dos skates colocaram no seu interior uma rampa de cimento grosso para aí fazerem habilidades.
O casario envolvente também não ajuda nada à vitalidade da praça. O antigo cinema Batalha com o seu filhote Sala Bébé, está fechado com ar triste, as vitrinas onde outrora eram postos os cartazes anunciadores dos filmes, todas partidas. Ao lado o palacete onde funcionaram os correios também está fechado. Na placa da praça central, no cadeirame agarrado ao chão, gente sem abrigo, do rendimento mínimo (inserção) e outros descamisados dão àquele espaço um ar pouco saudável. Finalmente depois de ver assim este local, sou transportado para o inicio do séc. XX através de e-mails que tenho recebido sobre o Porto antigo. Que maravilha o chão da praça! Tudo mandado às malvas nas várias intervenções que a praça tem sofrido.
Quem não preserva o melhor do passado não é digno do presente.
O slogan tripeiro “vai no Batalha” já não mais se pode bocar, pois já não correm fitas no carismático cinema.
Fiquem bem, (antonio)