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Magistério6971

Os autores deste jornal virtual apresentam a todos os visitantes os seus mais cordiais cumprimentos. Será bem-vindo quem vier por bem.

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Olhar o Porto - CXXVII(O gato aflito)

A rua de Costa Cabral vai da Praça do Marquês de Pombal, vulgo Marquês, antigo Largo da Aguardente, passa pela Cruz das Regateiras e chega à Areosa. Foi aberta no tempo dos Almadas e passou a ser desde aquela época uma das principais saídas da cidade para norte. No troço ali por alturas de Silva Tapada ainda hoje se podem ver moradias apalaçadas onde o trabalho na pedra deixa-nos boquiabertos. Foram de gente de dinheiro, ganho sobretudo no Brasil como se pode ver mais à frente na Cruz das Regateiras, o edifício do hospital do Conde Ferreira mandado fazer por este abastado emigrante. Atualmente ao longo da rua já há construções de betão, de certo modo a vão descaracterizando, mas isso é inevitável.

Num dos blocos de apartamentos T 1 uma família de gente de cor, (helas, xenófobo nunca fui) por lá habitava, mas a renda era certamente cara para as posses. A vida não é fácil para ninguém e esta família parece que já não pagava o devido ao senhorio, até que se pôs ao fresco. Todos menos um, pois deixaram o apartamento fechado e lá dentro um gato, não se sabe com que intenção.

Miau, miau, dia e noite o felino procurava ajuda desesperadamente. A vizinhança começou a interrogar-se o que fazer perante situação tão insólita. Contactado o senhorio, por sinal uma instituição da cidade, e então chamou a polícia e de seguida os bombeiros para socorrer o bichano. Então se os Voluntários já têm salvo canídeos e felinos que caem a poços, como não rebentar a porta ou janelas do apartamento para salvar o bicho?!...

Todas as formalidades acertadas e o aparato de salvamento em ação. Entretanto na rua ia-se juntando um magote de reformados, uns expectantes a observar as movimentações, outros a dar uns bitaites sobre o andamento das operações. As mulheres eram as mais pingonas acerca da infelicidade do felino e argumentavam de raiva espumosa, que gente insensível… deixar assim o gatinho, mereciam ir para a "frigideira" do Tarrafal!... Se rebentar a porta era uma das soluções, optaram os Voluntários por, do andar de cima, descer por uma escada suspensa até uma janela que foi partida e assim se teve acesso ao aflitivo. Apanhado com aquelas redes apropriadas, assustado e com a barriga a dar horas e de que maneira, lá foi levado certamente para a Sociedade Protetora dos Animais para aí se refazer da angústia, comendo uns jaquinzinhos frescos acabados de chegar da lota, presumo eu.

Há muita gente amiga dos animais, mas nem todos o são.

 

 

  (antonio)