Não vamos aqui chover no molhado, pois tudo está mais que escalpelizado.
Há dias a ministra da justiça dizia que ainda há uma justiça para ricos e outra para pobres e acrescentava que quem tiver um bom advogado safa-se sempre. Dizia isto no sentido de querer melhorar as coisas. Note-se que isto foi dito pela ministra da justiça! A entrevista ao JN no domingo do Procurador-geral distrital do Porto vinha também no mesmo teor das palavras da ministra. Ninguém gosta desta justiça, só os fazedores das leis (deputados) é que vão assobiando para o lado. Ainda bem que não contribuí para a eleição deles.
E na televisão o cantor e intelectual Rui Reininho disse: a justiça em Portugal é uma m....
Em Lousada está a finalizar-se um julgamento de um individuo que alegadamente poderá ser o responsável pelo desaparecimento de uma criança, há uns anos. Ele disse aos juizes que não queria falar (ficou mudo em todas as sessões). Fiquei agora a saber que a lei dá-lhe esse direito e mais dá-lhe também o direito de mentir, sem por isso ser penalizado.
Perante isto será que haverá alguém de boas capacidades mentais que tire o chapéu à justiça?
Na Baixa do Porto para um chapéu de três bicos uma petição de um cêntimo para ajudar o orçamento familiar do supremo magistrado da Nação, vocês já se chegaram à frente?
Agora que todos os focos estão virados para o berço, segundo se diz, da mãe pátria, seria motivo para dar lá uma saltada. Se foi bem por isso, não sei, mas tinham-me dito que o centro histórico estava um brinquinho, digno de ser visto.
Ora nem mais, como uma pessoa das minhas relações fazia anos, propus uma ida a Guimarães, de comboio, que diga-se a verdade faz-se uma viagem por tuta e meia, e então na qualidade de senior é só meia e não tuta. Vai daí, aproveitando o site de Franc aqui há dias escarrapachado, que espiolhei, até para saber qual o melhor sítio para esconder os pés debaixo da mesa. São as vantagens da NET mas que não me foram suficientes. Pés a caminho com a referência dum restaurante de notada do centro histórico. De seu nome Nora do Zé da Curva, sito na Viela Traseiras Santo António. Munido com vontade de ir ao dito, por sorte encontrei um bacano que andaria a gozar a reforma a quem pedi ajuda que após solicitas informações voltou atrás e disse-me: venham comigo que eu vou para esses lados. Foi a minha sorte, senão apesar do restaurante ser conhecido, teria de perguntar a cada esquina, pois tão disfarçada é a sua entrada que o amável cicerone nos levou até à porta numa viela camuflada. Todos os caminhos vão dar a Roma, mas… safa, o GPS aqui daria jeito. Não desgostei do serviço e numa próxima irei a Guimarães ao mesmo restaurante fazendo uso da minha memória visual.
Como ainda os dias são pequenos e havia horários de comboio a respeitar não deu muito tempo para ver a zona histórica. Passei pelo Largo do Toural que está totalmente empedrado tipo Av. Dos Aliados. Parece que é agora um local de eventos como os que se têm realizado por estes dias. Na passagem por uma das ruas vejo casualmente numa montra fotos do anterior Largo do Toural, que beleza!... E mais não digo.
A minha filha teve de comprar hoje uma vacina para a minha neta. Até aqui, tudo bem. Não. Tudo bem não. Comprar uma vacina? Comprar uma vacina do plano nacional de vacinação? Isto em 2012... Faz-me pensar o seguinte e agradeço que me corrijam se estou errado: - Estado Novo anterior à Guerra Colonial - plano de vacinação completamente gratuito e era tempo de vacas magras... - Estado Novo durante a Guerra colonial - plano de vacinação completamente gratuito e eram tempos difíceis... - 25 de Abril de 1974 - plano de vacinação completamente gratuito. - 25 de Abril de 2012 - cuidado porque rir ainda vai pagar imposto...
Quando um tipo não tem nada para fazer, arranja-se sempre um programa para ocupar a mente. Ir até ao Passeio
das Cardosas, mirar o garboso D. Pedro IV na sua montada ou mais além a esbelta
doçura da Menina Nua é sempre agradável como o é ir até à Ribeira e por ali
vaguear espraiando o olhar pelo remançoso rio salpicado de Rabelos apinhados de
turistas sobretudo espanhois.
Mas desta vez tinha acertado com um amigalhaço dos tempos das lides militares darmos uma saltada até ao jardim do morro de Gaia. É uma varanda onde podemos estar descontraídos a mirar o Porto histórico que se espraia em escadório até ao Douro que beija nas Escadas das Padeiras.
Os miradouros, e o Porto tem vários, devem ser, e têm sido preservados, são locais privilegiados para ver mais além. Só que há dias houve notícias menos felizes sobre o miradouro do morro da Vitória, mas tenho esperança que a CMP se mexa na preservação pública daquele emblemático espaço.
Mas voltando ao miradouro de Gaia, foi onde amarraram os cabos do teleférico que desce até à zona ribeirinha de Gaia. Ora aqui está, na minha óptica, um elefante branco, pois a sua rentabilidade deve ficar por um saldo negativo. No tempo que eu e o meu amigo por lá nos demoramos a ver as engrenagens e o vai vem constante das cabines, nem vivalma a subir ou a descer, simplesmente às moscas, enquanto a funcionária da cabine da bilheteira passava o tempo a ler revistas do “social”.
O presidente da câmara de Gaia fez obra, passeios pedonais, à beira do mar, mas não me parece ter acertado neste despesismo do teleférico. Se não houvesse amuos entre Meneses e Rio podiam fazer uma passagem pedonal, que teria um forte impacto turístico, entre a marginal do Porto e a marginal de Gaia com as caves à perna. Assim enquanto cada um só olhar para o seu umbigo, Porto e Gaia ficam a perder.
Hoje, sábado, 21 de janeiro de 2012, é o dia 1 e a cerimónia de abertura deste evento que honra todos os portugueses: GUIMARÃES. CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA 2012.
Já se tem ouvido que a nossa justiça bateu no fundo. Quando a justiça não é célere e eficaz, já não o é.
Um caso que deu brado em blogues e em toda a comunicação social foi o que se passou no consultório dum psiquiatra, ali para os lados da Foz, que fez sexo não consentido com uma paciente. Foi condenado em primeira instância a cinco anos, onde teve amigos de peso a aboná-lo, entre outros, um conhecido sexólogo aqui do Porto. Recorreu da sentença para a Relação e foi absolvido. E agora a paciente ofendida, não certamente no critério da Relação, terá de pagar as custas do processo.
Esta é uma estória péssima que hoje revivi no programa da SIC – Querida Júlia (Júlia Pinheiro). E, lembrei-me dum saudoso jornalista, Fernando Pessa, com as suas tiradas: e esta hein?
Li e aconselho a leitura. Procuro não perder a leitura das crónicas de Manuel António Pina. Mas esta sensibilizou-me particularmente. Primeiro porque andava para escrever sobre o mesmo assunto há algum tempo. Segundo porque sinto que também fui apanhado. Na prática, ainda bem que Manuel António Pina redigiu esta crónica. Que nunca lhe doa a pena...
À Descoberta do Porto, crónica semanal de Germano Silva, hoje no JN, sob o título “Um lugar com história, A Bateria da Vitória” e em subtítulo “Um pedaço da nossa história vendido em haste pública”.
Trata-se de um miradouro da cidade que parece que foi vendido a uma firma particular cinfanense, e segundo tudo indica é do domínio público. É um sítio onde já milhares de máquinas fotográficas registaram imagens do morro da Sé, do Rio Douro e de Vila Nova de Gaia. Há muitos portuenses que não conhecem o local mas os turistas sabem escabulhar estes locais que além da história que englobam (episódios do Cerco do Porto), ver artigo de Germano Silva, dão vistas deslumbrantes da cidade.
Esta peça do citado jornalista historiador deve ter deixado os “status” da CMP agitados com mais esta tropelia referida na crónica, que remata de maneira contundente e que não deixará o senhor presidente da CMP a assobiar para o lado.
Bem sabemos que um presidente duma câmara não poderá ter conhecimento de tudo o que se passa na cidade, mas… estou a lembrar-me das trapalhadas do túnel de Ceuta, problemas com o IPPAR, e mais recentemente com as “esplanadas” que foram plantadas na Praça Parada Leitão, também questões com o mesmo instituto que agora tem outro nome, e que terão de ser demolidas. São falhas graves que podiam ser evitadas mas parece que as coisas são empurradas com a barriga para depois serem dadas como definitivas.
Rio é um homem sério, já por aqui disse, diz-se, mas não chega, a cidade precisava de mais “élan”.
Diz-se que o pau é a defesa do homem. Não sei se tem a ver com o jogo do pau onde não há ganhadores, no fim cumprimentam-se sempre; ou se terá a ver com o marmeleiro, indispensável companhia do pessoal, que da serra desciam às romarias e feiras (já por aqui falei do jeitaço que dava na feira de Nespereira quando a coisa dava para o torto); ou se terá a ver com o sentido eufórico do macho latino. Inclino-me mais para este último, mas cada um dará as interpretações que bem entender.
Mudando de agulha direi também que o chapéu era elemento indispensável e que dava muito jeito àqueles que prematuramente perderam a juba no alto da cabeça, será também a defesa da tola para que não lhe caiam uns pingos dalguma nuvem traiçoeira. (A cartola, essa era só para os senhores aristocráticos que se viam acima da escumalha que trabalhava de sol a sol a terra para os primeiros).
Porto, parte oriental da cidade como agora se diz, freguesia do Bonfim, paredes meias com Campanhã, na escola onde trabalhei durante bastantes anos havia, in illo tempore, ainda a Revolução dos Cravos estava na barriga da mãe, o parto quase a dar-se e com previsão de ser por cesariana para haver menos estragos colaterais, um professor usava chapéu. Quando entrava na sala deixava nos cabides do corredor a cobertura. Sinal evidente para o diretor que fulano estava no seu posto de trabalho. Não está aqui em causa se era bom, assim assim, ou mau professor. A verdade é que gostava, a meio da manhã, ir tomar um carioca a um café da rua próxima, a do Heroismo. Fazia isso de maneira ardilosa, para não ser apanhado em falta, deixava o indispensável chapéu no cabide, enquanto sorrateiramente levava os pés às costas. Mas tantas vezes vai o cântaro à fonte que até há um dia, deixa lá uma asa, diz o certeiro aforismo popular. O Diretor da escola, que era de gancho, foi sendo comido pelo desenfianço do professor, mas certo dia como tinha de ir à sala falar com o dito, bateu à porta, o chapéu estava no cabide, e nicles, professor vai no Batalha. Pois foi o bom e o bonito, o diretor esperou o foragido e desancou-lhe cá um sermão ensanduichado por processo disciplinar que o ia engabardinar para o resto da vida.
Não assisti à cena referida, passou-se um ano, ou dois, antes de ter ido para aquela escola, foi-me contada pelo rígido diretor e que foi corroborada por outros profissionais, dou-a como totalmente verídica. A vida é feita de estórias, esta é mais uma que me ocorre.