Pela ruralidade - CII (Pelas feiras e romarias da m/meninice)
O Sr. José Maria lá da minha terra já carrega mais de três quartos de século, o que lhe dá uma certa “entourage” de saberes acumulados. Frequentador no passado das feiras e romarias das redondezas, nos dias de hoje revive aquelas façanhas que por lá se passaram. Num destes dias ao entabularmos conversa tentei trazer à tona situações de bordoada que aconteciam frequentemente nos ajuntamentos de populaça. Não havia feira ou festa onde não houvesse pancadaria grossa. Tentei então sacar do meu interlocutor quais as razões de tal acontecer, mas não obtive grandes saídas, mas sempre fomos partindo pedra. As pessoas viviam isoladas nas aldeias serranas, não havia televisão nem telefones, a civilização estava longe. Quando desciam à feira, sempre acompanhados dum marmeleiro, era uma questão cultural, animados com algum grão na asa, afirmavam-se por dá cá aquela palha. Eram quase sempre os mesmos com os azeites mais à superfície, referenciados pelos demais, armavam-se em valentões, varriam uma feira a troco de nada.
Dizia-me o Senhor José Maria que soube agora de um fazedor de instabilidades na feira de Nespereira, negociante de gado pesado, na altura sobejamente conhecido nas redondezas, está agora com 93 anos. Cuida nesta fase da vida de gado miúdo – três ovelhas, cuja docilidade o ajudam a passar agora os sossegados dias, esquecendo, se a memória ainda o ajudar, o protagonismo das arruaças na feira de Nespereira.
(antonio)
(antonio)