Último domingo de Outubro. A hora tinha mudado nessa noite, a “hora nova” sobrepôs-se à “hora velha” e assim mais uma horita no berço para aqueles devotados do deus Morfeu.
O encontro tinha sido marcado no Campo Alegre junto ao edifício da Junta de Massarelos, para a partir daí irmos farejar a cidade desconhecida. O magote de aderentes, mais de uma centena, foi maestrado pelo grande Germano Silva (grande na idade, na pedalada, na lucidez e na bagagem intelectual). Logo ali no Campo Alegre as quintas e os palacetes da burguesia foram sucessivamente escalpelizados pelo mestre. Em passo de boa caminhada, (os mancos, os obesos e os pernetas viram-se aflitos), pela sugestiva Rua de Entre- Campos e chegamos ao promontório da Arrábida. Aí uma pausa para admirar a esplendorosa paisagem e as máquinas fotográficas a registarem a elegância da ponte e ao fundo a pitoresca Afurada bem como a foz do rio. Estávamos em plena Arrábida onde agora o casario modesto foi do operariado das várias fábricas de fundição que por ali existiam. Passamos ao lado das torres do Aleixo e descemos à marginal percorrendo toda a rua do Ouro até Massarelos. Zona eminentemente ligada à navegação marítima, sempre a ouvir a sabedoria do mestre Germano sobre marinheiros, calafates e toda a arte ligada aos estaleiros de construção de navios.
Tinha feito este mesmo passeio à cidade em 2006, eh como o tempo passa!... com outro orientador ligado à CMP. São sítios com muita história onde há sempre mais e mais informação que se apanha.
(Na imagem, há cinco anos, Franc. o reporter de serviço que tem registado estes passeios à cidade, a fotografar a foz do rio na Rua da Arrábida)
Hoje, 30 de outubro de 2011, realizou-se mais um passeio pelo Porto, como habitualmente no último domingo de cada mês. Fizemos a concentração em frente da Junta de Freguesia de Massarelos. Aí, começámos por ouvir o Rancho Folclórico do Porto que nos tem acompanhado sempre. Tivemos depois o prazer de ouvir o jornalista/escritor/historiador Germano Silva a desfiar memórias e a transmitir História para o nosso conhecimento. E assim fomos até ao Museu do Elétrico, em Massarelos, onde terminámos pelas 12h30. Foi uma aula magnífica e foi um encanto poder ouvir e ver mais uma vez o Rancho Folclórico do Porto e o seu Presidente, António Fernandes. Muito obrigado ao Rancho, a António Fernandes e a Germano Silva. Saudações tripeiras do Francisco.
Como é sabido a cultura do não andar a pé instalou-se sobretudo a partir da data carismática do 25 de Abril de 1974. Com a subida do nível de vida as pessoas começaram a ir para os empregos não a penantes ou em biclas mas nos popós. Na sequência disso as obesidades começaram a proliferar e os alertas dos médicos aos pacientes: ande a pé, mas atenção não é a ver montras!... Algumas autarquias sintonizadas com a qualidade de vida lançaram caminhos pedonais sobretudo na orla marítima.
Nos anos sessenta andava o escrevinhador destas linhas a estudar em Castelo de Paiva. Vinha e ia por cinco paus cada viagem, preço para estudante, na carreira do Escamarão. Esse transporte não era diário de modo que muitas vezes fazia a viagem a pé, mais de duas horas, por atalhos, atravessando o Rio Paiva numa frágil ponte por onde só passavam pessoas e gado cavalar nomeadamente o moleiro que por ali tinha o seu ganha-pão.
Era esse trajecto que tinha feito em jovem que andava com vontade de reviver. Assim aconteceu há dias, juntamo-nos cinco da família. Calçado e roupa condizente, após um “briefing” metemos pés a caminho a partir de Castelo de Paiva. Como ainda estou com boa pedalada fiz aquilo com uma perna às costas, enquanto que os outros caminhantes lá se foram safando, mais habituados a pisar calçadas da cidade. Tinha tido conhecimento que a tal ponte denominada "ponte de Melo” tinha sido recuperada, soalhada com madeira tratada o que me deu confiança no atravessamento do rio. Naquele local o vale é profundamente majestático onde apenas se vislumbra o antigo moinho totalmente abandonado e o nosso ouvido é prenhe com o cantar da água que se espreguiça do açude que ia para o moinho e depois serpenteando por entre os calhaus ficando mais abaixo de remanso no poço negro. Tiradas as fotos para memória futura, se até ao Paiva foi sempre a descer, a partir daí foi um suar as estopinhas na subida íngreme. Mas valeu esta recordativa memória.
Cómoda/secretária que jazia há longos anos, nas profundezas e escuridão de uma arrecadação, eis que renasce transformada, com toda a elegância e requinte.
Trabalho de restauração: lixar, pintar, envelhecer e encerar.
Incentivo a todos a colocarem em prática estas actividades.
É ao domingo que compro o JN por razões que já aqui expus. Nos restantes dias vou lendo à borla aqui, ali ou acolá.
As crónicas dominicais de Germano Silva afiam-me o apetite para saber mais isto ou aquilo sobre o passado da cidade do Porto. Normalmente são emolduradas com imagens do Porto desaparecido. Neste domingo a praça da Batalha, não a actual que está bem pindérica sem sentido, mas sim a Praça (notem que estou a escrever com maiusculas) da Batalha do início do século XX.
Que glamour em toda a envolvência da estátua de D. Pedro V!... Ao ver isto, dentro de mim despoleta toda uma raiva naqueles que só sabem alterar para pior o que está bem feito. Gente que só anda atrás do graveto cavalitando em cima de máquinas retro escavadoras para destruir nacos da história duma cidade. São os pseudo modernos arquitectos e outros que são transportados em ombros por alguma comunicação social. O Porto merecia gente mais qualificada que respeitasse a sua história.
Passos Coelho encheu o peito de ar e numa de corajoso, segundo uns, vomitou medidas duras aos portugueses, dizendo que não havia outra saída. E os portugueses que tinham acreditado nas promessas que afinal eram mentiras na campanha eleitoral, mais uma vez ficaram desiludidos.
A pancada veio forte, e agora? A maioria dos comentadores políticos vão dizendo que o país vai chegar ao fim de 2013 e estará na mesma situação de barriga vazia.
Gente de peso até da área política do governo insurge-se contra a magreza que querem impor ao povo e interrogam-se como foi possível chegar a este ponto. Causadores há certamente. D. Duarte de Bragança, um moderado que não se mete em politiquices, diz que alguém tem de ir para a prisão. Na Madeira um senhor trauliteiro gastou à tripa forra e ainda por cima berra contra o “cotinente”. Por cá desde o governo de Guterres foi sempre à grande e à francesa com estádios de futebol, auto-estradas a enxamear o país, algumas às moscas e até já se estavam a preparar para TJVs!... É a política megalómana, de quem vier atrás que feche a porta, só que esta está muito ronceira.
Recordo com saudade um conterrâneo que agora à distância vejo-o como um visionário. Já não está entre nós, dizia-me ele há cerca de 10 anos quando vinha dinheiro lá de fora para subsidiar as mais variadas actividades, para rendimento mínimo, projectos e mais projectos que em última instância também davam para comprar bons jeeps; dinheiro para deixar de cultivar as terras; estou a lembrar-me de lá pelo Alentejo subsídios para a semeadura, e ainda sobravam, do girassol que depois não colhiam. Dizia-me então o Sr. Alberto:
- Senhor Professor (era assim que me tratava, eu ainda estava no activo, ia-lhe permitindo esta mesura) olhe que ninguém dá nada sem receber em troca!... Não iremos amargar todo este regabofe?
Eu na altura ao ouvir a opinião assim dum rural não dei grande importância, cá para mim os cabeças pensantes economistas deviam saber o que estavam a fazer, Mas pelos vistos, não. Andou tudo distraído e deixaram o país escorregar de trambolhão em trambolhão até ao abismo que está à espreita.
Eu fico, realmente, espantado com o meu país. Este Portugal está a surpreender-me, pela negativa, a cada dia que passa. Bem, é melhor eu calar-me e não dizer mais nada. No entanto, não posso deixar de referenciar o último soco na barriga que levei do Governo do meu país. Ou deste ou dos anteriores, pouco me importa. O que me importa, isso sim, é o futuro e, aí, o panorama é muito negro. Mesmo muito negro. Então não é que agora aparecem as PPP's ? Quem é que ainda se recordava destas coisas ? O que é que isto me vai custar a mim, aos meus filhos e aos meus netos ? Este país não vai longe, ai não vai não... Para quando é que teremos direito neste país a uma liderança com juízo ? Estou desolado...
É afinal frase do dia, na minha óptica, ontem no JN:
"Vamos ter mau tempo já a partir deste fim de semana".
Como se a vinda de tempo de chuva fosse uma chatisse para os burocratas sentados no ar condicionado a escrever para o JN!...
Isto é mesmo um país a andar a duas velocidades. Todo o interior à rasca pela falta de chuva, veja-se o que se passa em Bragança, e alguns citadinos a não gostarem duma chuvinha!
Hoje a notícia de primeira página foi a morte de Kadafi. Se há fisionomia que não me caía no goto era a deste senhor, mas à parte isso o que lhe foi feito dá que pensar, aliando isto à hipocrisia dos governos que ainda há pouco lhe davam pancadinhas nas costas - Portugal estará entre os demais (o homam tinha petróleo).
Mas vieram-me à mente outros casos que deram origem a foguetório daqueles que antes lhes beijavam os pés!... Refiro-me a Sadat do Iraque e anteriormente Ceausescu da Roménia, bárbaramente assassinados.