Pela ruralidade - XCVI ( O saca-rabos)
Ginetas, gatos bravos, linces, toirões, esquilos e de porte mais avantajado os javalis, já eram do meu conhecimento. Têm geralmente hábitos nocturnos, os esquilos não, para fazerem das suas durante a calma noctívaga. São principalmente estes últimos, os javardos, que no meu tempo de escola ninguém conhecia pois não existiam no território das minhas raízes, os maiores devastadores das culturas, mas isso pouco interessa aos superiores interesses defensores da fauna selvagem. Ai de quem lhes faça mal!... Andam de noite muitos quilómetros sempre a foçar na terra e então se derem em campos de cultivo é uma razia quando vão acompanhados da prole.
Os sagazes esquilos de pequeno porte também são agora por lá vistos. Olhar vivo e cauda arqueada sobre o dorso com a ponta virada para o céu. Alimentam-se sobretudo de sementes e são vistos empoleirados nos pinheiros à cata dos pinhões. Há dias lá na terra tive conhecimentos que também deitam a mão aos pintos acabados de nascer.
E os saca-rabos? Estes não conhecia, não. Dia 30 de Julho fui com a família pôr os pés debaixo da mesa num restaurante que ganhou nome no Marco de Canavezes, junto ao Rio Tâmega, a dois passos das inoperacionais termas de Canavezes. Anho assado à maneira, pois claro e um tinto da parreira. No canto da sala um animal embalsamado despertou-me a atenção e não descansei enquanto a minha curiosidade não ficou satisfeita. Será um furão, dizia um da roda familiar, outro alvitrava um texugo. Mas eu estava de pé atrás, aqueles dentes pontiagudos tal como uma serra, cheirava-me que fosse outro animal que à partida não estava a apanhar. Um saca-rabos disse-me a pessoa que nos atendeu, existe mais lá para o Alentejo e é um grande predador de coelhos. Os caçadores devem-lhe ter cá um azedume, fiquei eu a matutar com os meus botões!... Afinal todos têm direito à vida, uns mais que outros!...
(antonio)