Portugal ontem e hoje
Ontem andava eu a capar os meus tomateiros que já estão a querer lançar o fruto, temos de dar tempo ao tempo, pois nada de estufas ou adubações forçadas, tudo ao natural como sempre os nossos antepassados agricultaram. Enquanto me entretinha neste labor campestre ia matutando na crónica que hoje devia escrevinhar para este espaço. Vai daí socorro-me do extinto "Defesa de Arouca" e apanho um artigo que vem mesmo a calhar. É sabido que actualmente, enquanto os partidos políticos, os dos boys, e outros partidecos que andam por aí a ensaboar as cabecinhas dos coitadinhos, Portugal está na mó de baixo, humilhado e quase sem crédito externo (a Finlândia olhou p´ra nós como se fossemos um desgraçadinho que mais valia deixá-lo morrer na valeta).
Vejamos então no tempo de Salazar, corria o ano de 1936, como o nosso país era visto com elogios pelos demais. Passo a transcrever o artigo cujo título é: O que se diz de Portugal:
"A imprensa estrangeira continua a referir-se, frequentemente e nos mais honrosos termos, à situação do nosso País. Com sincero desvanecimento temos arquivado nestas colunas diversas apreciações, sendo nosso propósito continuarmos a reproduzir, sempre que nos seja possível, as referências que lá fora são feitas a Portugal e a quem patrioticamente se vem empenhando pelo seu ressurgimento.
Desta vez é do importante jornal belga Vingtième Siècle que tansladamos, devidamente traduzido, o trecho que se segue, da autoria de Monsenhor Schyrgens:
Não basta, para se apreciar a obra magnífica de Salazar, desmanchar o mecanismo de relojoaria do seu sistema e estudar o funcionamento das suas rodas; é preciso também descobrir o movimento. Salazar insuflou a Portugal um espírito e infundiu-lhe uma alma. Salazar compreendeu que era preciso educar o povo, retemperá-lo no mais são nacionalismo, orientá-lo para um alto ideal. Salazar pediu à massa e obteve dela um acto de fé na grandeza da pátria lusitana, pediu e obteve dela que amasse o esplêndido passado de Portugal, que evocasse o império imenso criado pelo heroísmo de Bartolomeu Dias, de Vasco da Gama e de Albuquerque - heroísmo que, durante um século, assegurou à bandeira portuguesa o senhorio do Mundo. Salazar despertou os entusiasmos, fez amar o País tal qual ele é hoje e as suas possibilidades materiais e imateriais, e pressintir e prever o que o País será quanto a progresso no futuro. Eis em que consistiu o método de Salazar e dos seus colaboradores.
Salazar fez mais ainda. Apelou para todos os cidadãos de vontade aprumada, para todos os espíritos abertos, e impregnou-os das suas ideias principais; um Estado novo forjado na bijorna da tradição; um Governo estável, independente, com continuidade nas suas directivas; uma representação nacional, não apoiada em ficções mas nas realidades permanentes da vida nacional: família, corporação, associação, município."
Esta crónica vale o que vale, uma coisa é certa, naquela altura Portugal não era visto como um país de tanga. E agora?
Fiquem bem, antonio