No dia 29 de maio de 2011 realizou-se mais um Passeio JN/FNAC subordinado ao tema «O Porto do vinho». Ciceronado pelo jornalista e historiador Germano Silva, o grupo de acompanhantes seguiu o guia, partindo da Praça de Almeida Garrett e subindo a Rua dos Loureiros, passando pela Rua Chã e atravessando a Travessa da Rua Chã, parando no Largo de Primeiro de Dezembro para ouvir a primeira atuação do Rancho Folclórico do Porto, entrando na Igreja de Santa Clara, descendo as Escadas do Codeçal, atravessando pelo tabuleiro inferior a Ponte de Luiz I, chegando ao Largo de Aljubarrota e entrando do Espaço Corpus Christi para ouvir os guias e visitar o espaço. Saudações tripeiras do Francisco.
Ontem andava eu a capar os meus tomateiros que já estão a querer lançar o fruto, temos de dar tempo ao tempo, pois nada de estufas ou adubações forçadas, tudo ao natural como sempre os nossos antepassados agricultaram. Enquanto me entretinha neste labor campestre ia matutando na crónica que hoje devia escrevinhar para este espaço. Vai daí socorro-me do extinto "Defesa de Arouca" e apanho um artigo que vem mesmo a calhar. É sabido que actualmente, enquanto os partidos políticos, os dos boys, e outros partidecos que andam por aí a ensaboar as cabecinhas dos coitadinhos, Portugal está na mó de baixo, humilhado e quase sem crédito externo (a Finlândia olhou p´ra nós como se fossemos um desgraçadinho que mais valia deixá-lo morrer na valeta).
Vejamos então no tempo de Salazar, corria o ano de 1936, como o nosso país era visto com elogios pelos demais. Passo a transcrever o artigo cujo título é: O que se diz de Portugal:
"A imprensa estrangeira continua a referir-se, frequentemente e nos mais honrosos termos, à situação do nosso País. Com sincero desvanecimento temos arquivado nestas colunas diversas apreciações, sendo nosso propósito continuarmos a reproduzir, sempre que nos seja possível, as referências que lá fora são feitas a Portugal e a quem patrioticamente se vem empenhando pelo seu ressurgimento.
Desta vez é do importante jornal belga Vingtième Siècle que tansladamos, devidamente traduzido, o trecho que se segue, da autoria de Monsenhor Schyrgens:
Não basta, para se apreciar a obra magnífica de Salazar, desmanchar o mecanismo de relojoaria do seu sistema e estudar o funcionamento das suas rodas; é preciso também descobrir o movimento. Salazar insuflou a Portugal um espírito e infundiu-lhe uma alma. Salazar compreendeu que era preciso educar o povo, retemperá-lo no mais são nacionalismo, orientá-lo para um alto ideal. Salazar pediu à massa e obteve dela um acto de fé na grandeza da pátria lusitana, pediu e obteve dela que amasse o esplêndido passado de Portugal, que evocasse o império imenso criado pelo heroísmo de Bartolomeu Dias, de Vasco da Gama e de Albuquerque - heroísmo que, durante um século, assegurou à bandeira portuguesa o senhorio do Mundo. Salazar despertou os entusiasmos, fez amar o País tal qual ele é hoje e as suas possibilidades materiais e imateriais, e pressintir e prever o que o País será quanto a progresso no futuro. Eis em que consistiu o método de Salazar e dos seus colaboradores.
Salazar fez mais ainda. Apelou para todos os cidadãos de vontade aprumada, para todos os espíritos abertos, e impregnou-os das suas ideias principais; um Estado novo forjado na bijorna da tradição; um Governo estável, independente, com continuidade nas suas directivas; uma representação nacional, não apoiada em ficções mas nas realidades permanentes da vida nacional: família, corporação, associação, município."
Esta crónica vale o que vale, uma coisa é certa, naquela altura Portugal não era visto como um país de tanga. E agora?
Parabéns, colegas da comissão organizadora do encontro comemorativo do 40.º aniversário de curso. Uma das instituições a visitar é o Museu de Ovar e eu lembrei-me de ir pesquisar e deixar aqui uma sugestão de visita. Saudações tripeiras do Francisco.
Parabéns, colegas organizadoras do encontro comemorativo do 40.º aniversário de curso. A vossa escolha recaiu sobre o Restaurante Vela-Areinho e é para o publicitar que aqui estou, neste nosso espaço. Saudações tripeiras do Francisco.
Parabéns, comissão organizadora do 40º encontro do curso de 1969/71 ! Parabéns, colegas Aldina Oliveira, Manuela Raposo e Rosa Rocha! Aí estão as cartas-convite na nossa caixa de correio. Pelo menos a minha chegou hoje e espero que todas cheguem a bom destino e tenham recetividade. Pela parte que me toca, cumpre-me publicitar o evento neste nosso espaço para a eventualidade de algum/a colega não ter recebido e querer participar. Saudações tripeiras do Francisco e até breve.
Quem ler aos domingos os jornais do Porto e de Lisboa não ficará indiferente à quantidade de anúncios de convívios de ex-militares que estiveram no teatro de guerra.
O Batalhão de que fiz parte também se fez anunciar para o encontro anual, desta vez em Pombal. Como o pessoal é das mais variadas regiões do país, este local foi bem escolhido devido à centralidade, havia gente do Minho ao Algarve e até um dos Açores.
Aqui do Porto eu e alguns mais "tropas" combinamos ir de comboio. Além de ser um meio de transporte cómodo, é barato (50% para os de mais de 65).
O Batalhão de que fiz parte esteve em Angola de 1966 a 1969. É interessante constatarmos que passados todos estes anos ainda há indivíduos que aparecem pela primeira vez.
Das campanhas em África germinou, cresceu e amadureceu uma união de companheirismo que apesar de só nos vermos uma vez no ano é sentida com grande irmandade. E então é interessante assistir ao desbobinar das boas e más recordações daqueles tempos difíceis atenuados pela força anímica da juventude que brotava de cada um de nós. Mulheres e filhos também presentes no encontro fazem o frete de serem assistentes das vivências "guerreiras" dos seus familiares.
É sempre assim, ano após ano, com a organização duns bacanos que gostam do que fazem.
Pois é. Aí estão eles, quarenta anos passados depois do curso tirado. É que quem concluiu o Curso da Escola do Magistério Primário do Porto no ano de 1971, comemora este ano de 2011, nem mais nem menos do que quarenta anos de curso. Que longevidade... E é bonito. Eu não sei de mais nenhum curso que se reuna assim há tanto tempo... E este ano são as nossas estimadas colegas da linda região de Ovar que compõem a Comissão Organizadora. Vem aí mais um belíssimo evento, tenho a certeza. Ah, e já agora, estejam atentos à caixa de correio postal pois a todo o momento surgirá a carta-convite. Até breve. Saudações tripeiras do Francisco.
O calor intenso e nuvens carrancudas são os ingredientes necessários para que, cá pela serrania, há alguns dias a esta parte, raios rasguem o céu e ensurdecedores estrondos se façam ouvir. Começa de mansinho bem longe, lá para as bandas de Cinfães e vai-se aproximando, aproximando e ei-la bem breve por cima da nossa pacata vila – a trovoada.
Quando andava na escola, a criançada fazia de imedito as contas para se certificar do perímetro de segurança. Sabia-se que, se a velocidade de som no ar é de 343m/s, bastava multiplicar 343 pelo número de segundos de diferença entre raio e o trovão e obtinha-se a distância da trovoada em metros. Depois era só reduzir para kms. Éramos de uma esperteza!…
Nos dias felizes da minha juventude, nas férias de verão, éramos obrigadas a frequentar as aulas de corte e costura para assim, tal como as mães nos diziam, sermos exemplares esposas e boas donas de casa, sem defeitos a apontar, transformando-nos em máquinas perfeitas para servirmos futuros maridos imperfeitos.
Confesso que nunca tive muito jeito para essas tarefas e a prova é que a minha primeira obra-prima para uma cliente da minha costureira orientadora, um avental, veio devolvido com as costuras todas desfeitas. Claro que recebi de imediato uma censura com sermão e missa cantada.
Mas voltando à trovoada. Num dia em que me dirigia para a tão detestável aula de costura, fui corrida por uma temível trovada. Terrivelmente amedrontada cheguei ao local do crime e todas as pupilas encontravam-se a apregoar uma longa lengalenga que, mais tarde, me serviu para aliviar a agonia dos dias terríveis de trovoada e pretendo partilhar convosco, caso venham a necessitar. Então memorizem.
São Gregório se levantou Suas santas mãos lavou Seu caminho caminhou Nossa Senhora o encontrou E Ela lhe perguntou: São Gregório onde vais? - Vou espalhar esta trovoada Que sobre nós anda armada. - Espalha-a bem espalhada Para que não haja leira nem beira Nem raminho de Oliveira Nem mulheres com meninos Nem ovelhas com borreguinhos Nem vacas com bezerrinhos Nem pedrinha de sal Nem nada que faça mal. Amén.
Caso não consigam memorizar também podem optar por queimar ramos de oliveira benzidos, de preferência no domingo de ramos.
Não sou, nem pouco mais ou menos, um rato das bibliotecas, gosto de esporadicamente ir até à Biblioteca Municipal do Porto e aí tenho dado uma vista de olhos a um antigo jornal, semanário “DEFESA DE AROUCA”. E porquê este e não outro? A explicação tem a ver com notícias que pontualmente aí eram publicadas sobre a minha terra, nomeadamente algumas sobre o meu avô, que não conheci.
Vou aqui transcrever uma crónica que achei interessante nesse periódico de um correspondente de Lisboa, é de Janeiro de 1936 com o título “Crónicas da Capital – os desempregados”.
“Sempre que, durante o dia, vou à Baixa, noto com pasmo que os cafés regorgitam de fregueses.
E digo comigo: Mas então estes cavalheiros não teem nada que fazer?
Ao meu espírito acode a impressão animadora de que grande parte dos meus patrícios alfacinhas vive regaladamente dos seus rendimentos.
Outros mais modestos contentam-se em espècar as paredes dos prédios, todos perfilados e atentos às damas vaporosas que passam.
Outros ainda – e não são só eles, são também elas – transformam a via pública em sala de visitas, de forma que, por mais que se alarguem os passeios, não há maneira de chegarem para as numerosas famílias que jubilosamente se encontam – as Lilis, as Fifis e as Lolós a beijocarem-se; as mamãs a contarem a história trágica da última criada que roubava nas compras, usava meias de seda e dizia mal dos patrões – uma pouca vergonha! – e os papás a discutirem a política internacional com gestos veementes e uma chuva constante de perdigotos confirmativos.
Esta última parte foi agora muito prejudicada com a medida de se pôr em execução o novo regulamento de trânsito…
Mas como é que esta gente tem tempo para tanta coisa? – pregunto eu aos meus botões.
Eles pertencem, certamente, à classe dos desempregados, tão numerosa agora em todo o mundo.
E elas, das duas uma, ou não teem nada que fazer em casa, ou deixam lá tudo por fazer.
Felizes estes cuja vida decorre tranquila e calma como um lago cuja água nem a folha duma planta encrespa e que conseguem afrontar a borrasca da existência não trabalhando e conseguindo até – o que é o cúmulo! – impedir que os outros sigam para o seu trabalho!...”
Nesta crónica podemos notar as semelhanças e as diferenças aos dias de hoje. Assim as Lilis, as Fifis e as Lolós são as Dondocas de agora. Onde se diz que os alfacinhas mais modestos contentavam-se a espècar as paredes dos prédios são os mesmos que nos dias de hoje andam a coçar as esquinas. E então os papás a discutirem a política internacional, pudera, não que falar da política nacional era proibido. Nota-se também nesta crónica uma subordinação da mulher quando se dizia que elas, das duas uma, ou não têm nada que fazer em casa ou deixam lá tudo por fazer. É o que hoje se ouve em sentido depreciativo em situações conflituosas: vai para casa lavar a loiça!...
Como o assunto desta crónica são os desempregados, no JN de ontem, alertava o Banco de Portugal que o rendimento disponível das famílias vai conhecer uma contracção sem precedentes em 2011 e nos próximos anos. E o desemprego vai continuar a subir, dizia o BP.