Pela ruralidade - LXXXIV (Os novos pedintes)
No meu tempo de menino e moço havia pobres indigentes que andavam de terra em terra a pedir. Na altura não havia Segurança Social para estes infelizes que por deficiências físicas ou outras se arrastavam a estender a mão para sobreviver. As suas roupas remendadas e esfarrapadas eram invólucro de pobreza extrema. Naquele tempo o dinheiro também não abundava na parte contrária e então era ver os suplicantes com uma sacola para eventualmente receberem uma quarta de milho ou uma malga desse cereal!...
Atualmente estamos confrontados com outro género de pedintes nacionais e o que é mais estranho outros que vêm sobretudo do leste da Europa. Gente jovem, que fazem da pedinchice modo de vida. É sabido que no meio urbano somos assediados a cada passo por gente que nos pressiona para a sensibilidade caritativa.
Esses tentáculos da pedincha estendem-se também ao meio rural para onde vão em grupos organizados que se espalham pelos mais recônditos lugarejos e batem todas as casas. As suas origens estão identificadas pelas saias compridas que usam!...
Há dias lá na terra alguém bate à porta. Era uma jovem que certamente, pensei depois, numa de aculturação lusa, não usava saias compridas. Perguntei-lhe, que deseja? Quem é a menina? (Nas aldeias é habito perguntar a que família pertence).
- Sou romena, não tenho emprego, ando a pedir!...
Já temos cá muitos pobres, dispensavam-se estes!...
Fiquem bem, antonio