Olhar o Porto - XCV (A Rua Chã)
Germano Silva na sua crónica dominical no JN fala-nos da história da Viela da Cadeia, actual Travessa da Rua Chã. Leva-nos até ao século XV onde vasculha documentos da existência da cadeia nesse local passando depois para a Rua de S. Sebastião e finalmente até à Relação no Campo do Olival, actual Campo dos Mártires da Pátria que chegou até aos nossos dias. Esta caminhada histórica de vários séculos fez-me recordar as vicissitudes que na Rua Chã se passaram nos nossos dias, sempre em transformações constantes. Quem não se lembra do corrupio feminino nessa rua da profissão mais antiga do mundo (onde é que eu já ouvi isto) que tinham como “posturas” os cafés Royal e Derby, já desaparecidos!… E as casas de porta sim, porta não nessa rua com extensão à rua de Cimo de Vila até à Praça da Batalha! Bem, tudo isto se esfumou e agora o bulício desta rua é provocado pela porta sim, porta sim de artigos de chineses, paquistaneses, marroquinos, moldavos e outros daquelas bandas. Algumas casas tradicionais de botões e fivelas ainda resistem ao comércio agressivo dos baixinhos da China ou dos da pele morena. Na nossa geração as mudanças aconteceram com um frenesim impressionante em oposição ao passado em que durante vários séculos as coisas eram mais ou menos imutáveis. A Rua Chã penso que nesse aspecto é paradigmática.
PS: Germano Silva já mais de uma vez referiu nas suas crónicas que leitores lhe têm sugerido, por correio electrónico, a abordagem de este ou aquele assunto. Devem ser certamente amigos das suas relações, pois não assina as crónicas com endereço electrónico, que desconheço.
(antonio)