Olhar o Porto - XCIV (Memórias de referência)
Quando andamos pela cidade descontraidamente, sem pressas nem com destino traçado, vamos digerindo memórias de há trinta ou quarenta anos atrás. A dinâmica da vida da cidade cria-nos nostalgia de sítios onde o fervilhar do meio urbano tinha cambiantes diferentes dos de hoje. Assim, não ficamos indiferentes ao poderoso meio da Internet que nos faz chegar msg com imagens da cidade do Porto dessa época, que vivemos. As pessoas, os carros, as ruas, os jardins são-nos visualizados em todo o seu esplendor duma época em que a cidade existia. E uma cidade só existe, não em part-time como actualmente, mas quando tem pessoas que nela trabalham e vivem. Triste signo o de agora em que ao fim do dia tudo se pira para os dormitórios de V.N.Gaia, Maia, Gondomar e outros. Fica assim a cidade à noite entregue à bicharada com um ou outro ponto de bulício ao fim de semana. Passei pela Praça da República e até aquela imagem que sempre me habituei a ver à porta de armas do Quartel-general as duas sentinelas que com gabarito o seu render era gáudio para os transeuntes, foram de vela, apenas lá restam as duas guaritas. E já agora, depois de ter começado a rabiscar isto passo os olhos pelo JN e o que vejo? “Avenida dos Aliados será pista de rali por um dia”, é uma notícia que dá muito gozo ao Presidente da Câmara que atalha “nada disto seria possível sem a reconfiguração da avenida em sala de eventos da cidade”. Enfim, não sei se estarei errado, mas um local tão nobre da cidade como já foi no passado agora virou para estas pirosices, já por lá vi carrosséis, barracas disto e daquilo. O enquadramento monumental daquela avenida deveria ser um local com um destino mais consentâneo com os pergaminhos que sempre estiveram patentes naquela que já foi, e bem, apelidada de sala de visitas da cidade.
Fiquem bem, (antonio)