Olhar o Porto - LXXXVII (A Praça no passado, ontem e hoje)
A Praça, nome dado pelos portuenses à sala de visitas da cidade – Praça da Liberdade, foi sempre palco de manifestações políticas e culturais. Segundo Germano Silva funcionavam por ali nos Cafés, Guichard e Suiço e também pelo próprio Passeio das Cardosas extensões da universidade onde se punha a escrita em dia – semeadura de revoluções. Não sei como é que no tempo do regime anterior o nome desta Praça, da Liberdade não foi alterado como foi a Rua 31 de Janeiro para Rua de Santo António.
Nos meus tempos de jovem outros cafés emolduraram a Praça como o Astória que ficava no Palácio das Cardosas esquina com a Praça Almeida Garret; outro emblemático era o Café Imperial com a sua porta rotativa e porteiro devidamente enfarpelado. Era frequentado por patrões do comércio e indústria que a cada passo eram chamados ao telefone pela instalação sonora. Do outro lado da Praça a Cervejaria Sá Reis foi palco de escaramuças, com vidros partidos pelo menos uma vez me lembro, era refúgio de manifestantes no 1º de Maio, acossados pela polícia. Continuando no tempo, por alturas do PREC após o 25 de Abril de 1974, muitas manifestações e contra-manifestações das várias facções encrespadas por lá se desenvolveram despoletadas também pelo célebre frente a frente televisivo Soares – Cunhal onde este último emparedado pelas investidas de Soares dizia a frase que ficou para a posteridade: “olhe que não”, “olhe que não”!...
Actualmente a Praça indiferente aos engulhos que lhe tentaram criar mesmo quando quiseram dar uma volta de 360º ao cavalo, ali está a recordar-nos o pulsar da cidade,
Fiquem bem, antonio