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Magistério6971

Os autores deste jornal virtual apresentam a todos os visitantes os seus mais cordiais cumprimentos. Será bem-vindo quem vier por bem.

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Olhar o Porto - LXXXIV (A cheia de 1909)

As chuvadas valentes que no mês de Dezembro caíram em Portugal e Espanha fizeram engrossar o Douro, com alertas de cheias que não se concretizaram no pior sentido, quer na Régua como no Porto. Hoje é indesculpável os hiper alarmes dos serviços, com as tecnologias que existem não havia necessidade de pôr tudo em polvorosa com as calças na mão. Não sei de quem dependem os serviços da protecção civil mas a a avaliar pela justificação que deu o ministro que mais valia prevenir que remediar, penso que é do Estado. Enfim…
Mas eu queria falar da grande cheia de 1909 (cem anos) que o historiador e jornalista Germano Silva na sua crónica do JN no penúltimo domingo desenvolveu. E falava naquela história que eu também sempre ouvi que perante a subida galopante do rio as autoridades estavam na eminência de cortar a ponte de baixo, nome sempre dado ao tabuleiro inferior da Luís I. Sempre achei isso uma história mal contada e andava cá com uma fisgada de tirar isso a limpo, vai daí percorro na Biblioteca Municipal o Jornal de Notícias e o Comércio do Porto daquela época para ir ao fundo da questão. Nas notícias da cheia nesses jornais não encontrei referência à tal hipotética destruição a dinamite do tabuleiro inferior. Mas se o historiador falou nisso é porque algo de verdade poderá existir. Nalguns sites da Internet também aparece essa referência mas desconheço em que se fundamentaram. Nos citados jornais diz-se apenas que o trânsito no tabuleiro inferior da ponte foi proibido, por se recear que a cheia destruísse os pegões de pedra que o sustentam, nas duas margens.
Encontro sim naqueles jornais uma referência à grande cheia de 1860 onde se diz: “a ponte pênsil (a Luís I ainda não existia) esteve para ser queimada tendo-se aglomerado materiais inflamáveis para se lhes lançar o fogo, evitando assim com a sua destruição, que o tabuleiro da ponte, arrastado pelas águas, causasse ainda maiores estragos”.
Para finalizar vou transcrever um interessante editorial, no rescaldo da cheia, do Comércio do Porto de 24/Dez/1909 onde se vê que as reivindicações (ou queixas) aqui do Norte em relação a Lisboa não são só de agora, vejamos: “... A cidade do Porto, pela sua parte, sabe tão duramente ferida nesta refrega, que bem pode impor-se aos poderes públicos para que sejam atendidas antigas e justificadas reclamações por ela formuladas. Se os melhoramentos do Douro inferior houvessem sido realizados estaria regularizada a corrente do rio e haveria docas em que os navios pudessem procurar abrigo, sob a ameaça de cheia. Se o porto de Leixões tivesse sido completado, muitas operações de tráfego poderiam realizar-se ali e não estariam sujeitos a tantas contingências os interesses do comércio e a actividade da indústria portuguesa. No abandono a que o Porto tem sido votado está a causa de muitos dos males que duramente sofre agora. Aproveitará o Porto a dura lição de agora?”

 

 


   Fiquem bem, antonio