Pela ruralidade - XXXIII (O Sr. dos Enfermos)
As romarias fazem parte da cultura dum povo e têm maior expressão no interior do país.
A romaria do Senhor dos Enfermos é a que tem maior impacto no concelho de Cinfães e celebra-se anualmente no dia de Pentecostes e na véspera na freguesia de Fornelos. A devoção ao santo, como lá se diz, está bem vincada nos habitantes não só do concelho de Cinfães mas também nos concelhos limítrofes. Como tal essa festividade é sustentada pelas ofertas das promessas dos crentes, embora agora tenha havido um decréscimo segundo ouvi dizer pois as dificuldades económicas começam também aqui a fazer-se sentir. No auge da chamada guerra colonial os montantes das dádivas eram mais significativos segundo a mesma fonte. A religiosidade das pessoas estendia-se também aos animais, assim era comum verem-se cumpridores de promessas fazendo-se acompanhar duma vaca que à volta da capela cumpria a promessa. Seria a quitação segundo penso pelo bom parto, pela sã cria ou, quiçá, pelo fértil úbere que saciava também a família.
Dos meus tempos de juventude guardo na mente uma legião de enfermos, deficientes ou descamisados que no dia da festa suplicavam a compaixão dos romeiros. Estamos a falar duma época em que poucos tinham reformas e rendimento social de inserção nem pensar.
Os tempos agora são outros, já ninguém vem a pé para a festa, à frente o homem de chapéu de três bicos com um garoto de 5 l de tinto pendurado às costas num cajado de lodão, na peugada a mulher, à cabeça, com o farnel na condessa e atrás os filhos descalços com as botas às costas que só calçavam à chegada ao arraial!...
Agora o popó é que está a dar!...
Fiquem bem, antonio