Olhar o Porto - LXIX
As cidades estão numa mutação constante quer na área física, construções e arruamentos, quer na mobilidade. São dinâmicas que quase sem nos apercebermos vão dando nova fisionomia às coisas às quais nos vamos adaptando. Eu próprio não me estou a ver usar calça à boca de sino agora, bota de elástico vá que não vá!...
Vem isto a propósito de Germano Silva “À descoberta do Porto” no JN de hoje que fala da cidade do Porto no tempo do “cerco”. Mas é sobretudo o “boneco” que emoldura esta crónica que me deixa embevecido. A Praça Nova das Hortas depois denominada de D. Pedro e mais tarde Praça da Liberdade, onde podemos ver a norte a antiga Câmara Municipal com a estátua “o Porto” a encimar a frontaria, agora colocada a olhar para uma parede na chamada Casa dos 24. A foto é anterior ou quase ao aparecimento do automóvel, pois nas ruas laterais da praça apenas se visionam charrettes. É sobretudo em toda a citada praça que podemos admirar um trabalho de alto gabarito de artistas calceteiros, em calcário e basalto que circunda o cavalo, leia-se estátua equestre de D. Pedro IV.
Com a demolição da antiga câmara para se abrir a Avenida dos Aliados alterou-se aquele belo piso tendo-se elaborado na praça e nos passeios novos da avenida desenhos com o mesmo material que chegaram até aos nossos dias. Mas há poucos anos com as obras do “Porto 2001” tudo isto foi destruído incluindo os belos jardins no centro dos Aliados deixando uma área deserta, sem vida, que só aos obreiros que a idealizaram, arquitectos da moda, pode agradar. Já por aqui referi muitas vezes esta malfeitoria, na minha óptica, e que mais uma vez me veio ao de cima com esta crónica do Jornal de Notícias.
(É pena não poder linkar a crónica, eu não consegui. No entanto a imagem da Praça de D. Pedro do inicio do século XX pode ser vista no GOOGLE em vários sites do PORTO ANTIGO)
Fiquem bem, antonio