Olhar o Porto - LXVIII (Pelo JN)
No último domingo Germano Silva na sua crónica “À DESCOBERTA DO PORTO” enriqueceu-nos com umas pinceladas sobre a urbe do século XVI e até titulava o texto “Leituras muito proveitosas”, o caso não é para menos. Assim refere que a cidade estava confinada ao muro, leia-se muralha Fernandina, com ruelas pelos morros de Pena Ventosa e Vitória e com os conventos de S. Domingos e S. Francisco na linha de água do Rio da Vila que ao tempo ainda corria a céu aberto e pelos vistos um boeiro mal cheiroso. Ora aqui chegados parece que passados cinco séculos as águas desse rio continuam pouco recomendáveis. Elas agora vão encanadas mas na desembocadura no paredão da Praça da Ribeira as milhares de tainhas que lá avidamente se digladiam na busca do alimento mais fétido são sintomas do estado ecológico do caneiro!...
Voltando ao cronista que cita outros diz-nos que as ruas citadinas eram estreitas, sinuosas, escuras e imundas. E que com gente que andava nos negócios, as galinhas, porcos e cães passeavam livremente pelas artérias… Vem isto a propósito de uma conversa com uma irmã minha que há dias me disse um pouco surpresa ou nem tanto que numa determinada aldeia do concelho de Cinfães que referiu, ainda andam galinhas pelos caminhos, ruas como agora pomposamente lhes querem chamar.
A crónica cita ainda uma das medidas higiénicas que hoje nos deixam sorrir que foram as determinações do Rei D. Manuel I em que dizia “que nenhuma pessoa devia lançar água nem outra imundície alguma da janela durante o dia; e de noite a não lançará sem primeiro dizer três vezes água vai!... Parece que no passado como agora as leis são só para os outros cumprirem… Mas esta medida determinativa vista nos dias de hoje não é tanto assim caricata, vejam como passados tantos séculos ainda é preciso colocar em alguns locais um aviso camarário para evitar a colocação de lixo fora dos locais apropriados (ver imagem). Num país civilizado isto não seria preciso pois as pessoas teriam isso interiorizado, mas por cá é o que se sabe!...
Fiquem bem, antonio