O desastre da ponte das barcas
As tropas de Soult tinham entrado pela região de Chaves e quando chegaram às linhas defensivas do Porto encontraram uma resistência débil que não aguentou a pressão do bem apetrechado exército francês.
A população assustada tentou a fuga em direcção à outra margem acossada pela cavalaria do general Soult que tudo levava à frente. Na Ribeira a ponte das barcas, única travessia para a outra banda, não aguentou o pânico dos fugitivos e milhares aí pereceram nas águas turvas do Douro.
Mas nas peripécias das guerras ou cataclismos há sempre os bafejados pela sorte que escapam milagrosamente. Assim Luísa Tody, a artista setubalense, que se encontrava aqui no Porto estava também pronta para dar o salto, mas um jovem oficial francês reconhecendo-a deu-lhe um salvo-conduto para regressar aos seus aposentos e nenhum mal lhe aconteceria. Outro dos bafejados, passados 200 anos, que se safou ao banho, neste caso comemorativo, foi o arquitecto que desenhou o pequeno monumento a comemorar o desastre, que chegou atrasado, não se tinha apercebido da mudança da hora nessa madrugada.
A sorte protege os audazes era o lema de alguns batalhões da guerra colonial por onde andei, no caso do arquitecto distraído também ele foi um sortudo a avaliar pela justificação sorridente da balda.
Saudações, antonio