Olhar o Porto - LIV (A Praça das minhas memórias)
Helder Pacheco na sua crónica de ontem no Jornal de Notícias “Passeio Público” faz uma resenha histórica dos acontecimentos marcantes após o liberalismo que tiveram epicentro na Praça.
A razão de muitos nomes e datas das ruas do Porto têm de facto a sua génese nos factos históricos que foram sendo cozinhados ali. Alguns deles foram presenciados por mim quer um pouco antes como depois do 25 de Abril de 1974. Mas aqueles que mais retenho foram as manifestações proibidas, pois claro, antes desta data, no dia do trabalhador – 1º de Maio. As massas, espontaneamente ou convocadas por panfletos espalhados à surdina pela cidade, começavam a juntar-se em redor do “cavalo”, nome que se dá à estátua equestre de D. Pedro IV, e a praça começava a encher, a encher!... Um carro da polícia, à altura comandada pelo temível major Santos Junior, com megafone subia e descia a Avenida dos Aliados tentando demover os manifestantes dando prazo para dispersar ordeiramente. Entretanto carrinhas da polícia de choque instalavam-se em sítios estratégicos, Praça Filipa de Lencastre, Largo dos Lóios e Praça de D. João I, prontos para a acção. Ao sinal de avançar a polícia bem como agentes da DGS (Direcção Geral de Segurança, vulgo PIDE ) infiltrados nas massas populares, encurralavam os manifestantes e começavam a cascar forte e feio em quem aparecesse à frente e os mais contestatários eram logo engavetados nas carrinhas e levados para a DGS que era no largo Soares dos Reis onde actualmente funciona o Museu Militar. O autor deste arrazoado também andava por lá, não na primeira linha, em lugares estratégicos para dar às de Vila Diogo sem ser molestado quando a borrasca se instalava, se bem que duma vez tivesse escapado com um amigo por um triz. Estávamos no tempo do “garrote” quando as “amplas liberdades” ainda não estavam instituídas. Se do primeiro não temos saudades, da prática das segundas temos muitas interrogações.
Fiquem bem, antonio