Histórias da guerra - X

Vamos hoje falar do Ambriz, pequena cidade no norte litoral de Angola. Tinha estado no primeiro ano da comissão militar no interior, em Quicabo, de modo que a chegada a esta simpática terra soube-me a mel!...Quando lá estive em 1968, notava-se um certo bom gosto na arquitectura e no desenho urbanístico. Muitas da moradias estilo colonial estavam desertas, símbolo duma pujança que ali havia. A ampla avenida principal, qual espinha dorsal, muito arborizada, era atravessada por rectilíneas ruas. Tinha sido, no passado, um centro de exportação de café mas naquela altura o porto estava inactivo. Só muito raramente um forte comerciante o utilizava para ir num batelão buscar mercadorias a um cargueiro que fundeava ao largo. Uma das vezes a nossa ronda de noite detectou uma dessas maroscas fugindo ao controle alfandegário. Relatório da ocorrência foi feito mas a coisa foi abafada, e não admira, o citado comerciante era rei e senhor!...
O Administrador do Ambriz, autoridade civil, não morria de amores pelo Comandante do meu Batalhão, autoridade militar, e porquê? A tropa tinha directivas do Comando da Região Militar de Angola no sentido de tentar ganhar a guerra era fundamental a acção psicológica junto das populações. Ora acontece que o Administrador mandou chicotear um preto por motivos fúteis e parece que o fazia a miude. Isso chegou ao conhecimento do Comandante do Batalhão que por sua vez “chibou” para Luanda. Escusado será dizer que as relações entre as duas autoridades se até aí eram frias, ficaram geladas!
Como se vê os prós e contra no teatro das operações estavam latentes.

PS: Há pouco tempo descobri casualmente aqui na Internet um site que me deixou embebecido. Muitas imagens dessa terra e de outras com a particularidade de serem da altura em que por lá andei. Puxando o fio à meada vim a descobrir que o site é dum camarada de armas lisboeta que conheci e conheço. Já lhe enviei a minha admiração.

http://www.panoramio.com/user/486223/tags/Ambriz&comments_page=1&photos_page=1

  Fiquem bem, antonio